Livre dos exotismos africanos, árabes e asiáticos de uma Copa do Mundo de 32 seleções, a Eurocopa, com 16, sempre oferece lições ao futebol e ao Mundial. A 13ª edição do torneio, desta vez na Polônia e Ucrânia, que apresenta Espanha e Itália como finalistas, neste domingo, foi, dentro de campo, um espelho do que veremos no Brasil 2014.
A Europa manda no futebol desde 2006. Chegará favorita a América do Sul. Virá com três seleções prontas, Espanha, Itália e Alemanha, experientes e qualificadas. Porque em dois anos não se ergue uma seleção, não se molda um craque. Em 24 meses, o futebol não muda muito. Se constrói um time competitivo num ciclo de três anos. Antes, só com a sorte como centroavante. Ou com a imprevisível improvisação brasileira, como imagina a CBF.
A Euro 2008 revelou a Superespanha que seria campeã na África do Sul dois anos depois. O futebol "tique-taca" dos espanhóis fez escola e é modelo planetário, base do Barcelona, filho da escola Johan Cruyff. Com vitória ou derrota na final, viajará ao Brasil, em busca, talvez, do seu quarto título consecutivo: duas Euros, duas Copas - inédito na história do futebol.
- Quando uma equipe quer atacar outra fechada, o futebol não é tão atraente como contra uma equipe aberta que quer a vitória. Isso foi o que nos deu êxito, é com o que nos sentimos identificados e tem sido bom para nós - explicou o cérebro espanhol Andrés Iniesta numa entrevista coletiva.
- Estamos nos saindo bem com nosso estilo. Não devemos duvidar dele. Temos um jogo estável - disse o treinador Vicente Del Bosque.
Se a Espanha se mantém no topo e a Alemanha sofre novo e surpreendente revés, mesmo ostentando o título de segunda melhor seleção da Europa e a terceira do mundo - o ranking da Fifa coloca o Uruguai em segundo -, a Itália, campeã na Copa 2006, é surpresa.
O técnico Cesare Prandelli aboliu o catenaccio (porta trancada em italiano), varreu os veteranos, apoiou o toque de bola e as ações ofensivas. O time chutou 97 vezes, contra 78 da Espanha em cinco jogos da Euro. Sacou o atacante grandalhão, instituiu dois atacantes móveis, recuperou Balotelli, um goleador.
Continente de 53 seleções, a Europa exibe três favoritos para Copa 2014
Tanto Itália, com Pirlo e Marchisio, quanto Espanha, com Xavi e Iniesta (387 passes em cinco partidas ou 450 minutos) provam a importância dos meias - jogadores assim fariam Mano Menezes olhar os céus e agradecer.
O que Del Bosque, Prandelli e o alemão Joachim Löw possuem em comum é a convicção e equipes favoritas para 2014. E o que os fortalece são as suas confederações, ajudados pelos resultados, lógico. De posse dos talentos da melhor geração das últimas décadas, Löw perdeu para a Itália (2 a 1) numa jogo atípico, mas não corre riscos. Ele não sofre a mesma pressão de Mano quando o presidente da CBF diz que não garante o treinador na Seleção.
Praça de 53 seleções, palco de três favoritas, a Europa, por outro lado, continua amiga íntima do sistema 4-2-3-1, que floresceu na Euro 2000, sob ordens de Zinedine Zidane.
Entre os coadjuvantes, a Holanda. vice-campeã mundial, se esfarelou na falta de motivação do grupo. A França, renovada, perdeu o rumo em nova briga interna. Portugal revelou bom time, mas Cristiano Ronaldo é um ser solitário no ataque. As outras 10 seleções jamais mostraram sequer um tique de zebra.
A retranca da Grécia lembrou 2004. Os russos só fizeram barulho com seus cantos racistas. A República Checa e a Suécia regrediram.
Não perca o clássico Espanha e Itália. Gostando ou não, você pode ganhar um bis no Maracanã na final do dia 13 de julho de 2014.
Espanha x Itália
15h45min
No ar: SporTV, SporTV HD, Band e RBS TV
Com dois títulos, 1964 e 2008, a hábil Espanha enfrenta a remoçada Itália, que venceu a Euro 1968. Os italianos desafiam a grande seleção do continente. O português Pedro Proença, um dos melhores do mundo, será o árbitro.