São poucos os boleiros que, na infância, não tiveram de deixar sua cidade natal nem seus familiares em busca do sonho de ser profissional. Kleber faz parte dessa minoria. Desde que começou, na várzea de Itaquera, zona leste de São Paulo, sempre teve o carinho da família.
O futebol era o sonho e a obsessão do guri, que não pensava em outra coisa. E cedo foi em busca do que queria. Aos dez anos, jogava na base do Corinthians, mas diferentemente dos amigos, ao final dos treinos ia para casa em vez do alojamento.
- Ter os pais perto facilitou minha carreira. Eu até queria morar no estádio, pela empolgação de ficar com os colegas, mas não precisei - recorda.
- Sem abandonar os estudos
Mesmo com uma vida sem luxos, o pai, Jordão, e a mãe, Noemia, não mediram esforços para investir na educação dos filhos. Kleber começou a faculdade de Educação Física, e a irmã, Katia, formou-se em Direito. O jogador crê que, graças à base familiar sólida, evitou o descaminho:
- É triste, hoje, ver amigos nas drogas e outros que nem estão mais aqui.
A independência financeira que seu talento proporcionou possibilitou a Kleber ajudar a família. Jordão, entretanto, mantém a empresa de consultoria em recursos humanos e agencia o filho. Até pouco tempo, Noemia, professora, ainda dava aulas.
- Voz engrossa no vestiário
Casado com Cíntia e pai de Kaique, quatro anos, e Tayná, sete, o lateral-esquerdo é um cara caseiro.
- Gosto de ficar em casa, curtir a família e reunir os amigos - revela.
De fala mansa e tom de voz baixo, passa a impressão de ser tímido, mas quando tem de se impor, engrossa a voz. Não por acaso, é uma das lideranças dentro do vestiário colorado.
Além do futebol, Kleber é fã de basquete. Por vezes, aparece no Beira-Rio com camisetas de times da NBA (liga americana de basquete), mas não se arrisca muito no garrafão:
- Assisto muito pela tevê, mas não costumo jogar.
- A chance de ser bicampeão
Com 12 anos de carreira, Kleber é um vencedor. Já jogou na Europa - no alemão Hannover 96 e no suíço Basel -, foi campeão da Copa América (2007) e Copa das Confederações (2009) pela Seleção Brasileira e jogou em grandes clubes como Corinthians e Santos.
No Inter, faturou a Libertadores e, agora, poderá sagrar-se bicampeão do mundo - venceu o Mundial pelo Timão em 2000. O regulamento, porém, era diferente, uma vez que o Timão não venceu a Libertadores, mas o Brasileirão.
- Muito se questiona esse campeonato, mas a Fifa declarou que foi o primeiro campeão do mundo, então não tem o que contestar. Esse valerá tanto quanto aquele - garantiu.
- Vaidade não irá atrapalhar
Com a experiência de quem já disputou o torneio, Kleber alerta que o jogo de estreia será duro, independentemente do adversário. Há duas temporadas no Colorado, ele explica por que acha que o time trará o caneco:
- Esse é um dos poucos grupos campeões que não deixa a vaidade entrar no vestiário, por isso temos todas as condições de ganhar.
Conheça mais do ídolo
- Nome: Kleber de Carvalho Corrêa
- Data e local de nascimento: 1/4/1980, em São Paulo (SP)
- Comida preferida: arroz, feijão e bife à milanesa
- Filme preferido: Até as Últimas Consequências, com Queen Latifah
- Último filme que viu: Tropa de Elite 2
- Jogo inesquecível: o segundo contra o São Paulo (derrota por 2 a 1), nas semifinais da Libertadores deste ano
- Onde passa as férias: litoral norte de São Paulo
- Ídolo no futebol: Pelé. "É o melhor de todos!"
- Ídolo na vida e por que: "Meu pai, Jordão, por tudo o que representa para mim e por ter me ajudado a ser um jogador bem sucedido."
- Se não fosse jogador de futebol? "Nunca pensei em ser outra coisa."
- Escolaridade: Ensino Médio (começou a cursar Educação Física).
- Pior situação pela qual passou em campo: "Ter perdido duas vezes seguidas para o Palmeiras na Libertadores, pelo Corinthians, em 1999 e 2000."
- Música preferida: Samba. "Gosto do Fundo de Quintal."
Notícia
Kleber: líder discreto e apegado à família
Em campo, o talento levou o jogador do Inter à independência financeira e à Seleção Brasileira
GZH faz parte do The Trust Project
- Mais sobre: