Torcedor do Boca que jogou gás nega intenção, mas se contradiz: "Pensei que não havia câmeras"

O torcedor do Boca Juniors que agrediu jogadores do River Plate com spray de pimenta no superclássico argentino de quinta-feira, pela Copa Libertadores, foi identificado e rompeu o silêncio nesta terça-feira, afirmando que "não se deu conta" da gravidade dos fatos.

Ministério público da Argentina identifica torcedor que colocou gás de pimenta no vestiário do River

Imagens filmadas no estádio La Bombonera de Buenos Aires no momento do incidente permitiram às autoridades dos país identificar como autor da agressão Adrián Napolitano, conhecido como "o padeiro", torcedor "xeneize" de cerca de trinta anos, cuja família é dona de várias padarias na capital Portenha.

- Fiz isso sem me dar conta - contou Napolitano, em entrevista telefônica ao programa Estudio Futebol, do canal TyC Sports.

- Jamais tive a intenção de fazer isso. Pensei que não havia câmeras. Não pensava que iria chegar a tanto. Quando me dei conta, queria morrer. Há 25 anos que assisto aos jogos e nunca tive problema. Nunca pisei numa delegacia. Todo mundo me conhece, sabe como sou, sabe que gosto de festa, nada mais - confessou o torcedor.

Ministério Público fecha Bombonera por tempo indeterminado após confusão

Napolitano foi flagrado na segunda-feira a partir de imagens "obtidas pelo canal Fox Sports", revelou a promotora Susana Calleja, responsável pela investigação. Graças às imagens, o gerente de segurança pôde identificar três pessoas envolvidas na agressão, sendo que Napolitano conseguiu deixar o estádio "disfarçado, e com ajuda".

A perícia também confirmou que a substância usada era "capsaicina, princípio ativo do gás pimenta", que atingiu os jogadores "através de um buraco no teto do túnel de acesso aos vestiários", explicou o ministério público nesta terça-feira.

"Papelão de maio" e "vergonha": a repercussão de Boca x River

De acordo com a imprensa argentina, o ataque pode ser visto como uma demonstração de força de uma facção (torcida organizada violenta), que teria ficado fora de negócios depois de uma negociação com outros líderes da organização.

- Não foi um ato louco solto, nem um problema da 'barra' oficial, foi algo político -declarou na sexta-feira o presidente do Boca, Daniel Angelici.

A agressão ocorreu depois do intervalo da partida de volta das oitavas de final da Libertadores, quando os jogadores do River estavam voltando ao campo.

Na noite de sábado, o Boca foi eliminado da Libertadores pelo tribunal disciplinar da Conmebol, que também sancionou o clube com quatro jogos de portões fechados e uma multa de 200.000 dólares, uma punição considerada muito branda na Argentina.

* AFP