A diretoria do Inter nega ter dado ingressos às organizadas para o jogo em Veranópolis. Nesta entrevista, o vice-presidente Alexandre Barcellos promete punição aos sócios envolvidos e destaca que o clube tem colaborado com as investigações.
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O que o Inter pretende fazer com os torcedores identificados?
Acho que transcende a isso. Estamos vivendo uma eclosão social no país, tivemos problemas no Rio, em São Paulo, em Recife. Temos um problema de segurança pública no país. As polícias estão com dificuldade, aqui no RS até mesmo para pagamento de salários. O controle dessas pessoas que deveria ser do Estado está sendo transferido para os clubes. Os clubes não têm poder de polícia. O que vamos fazer é auxiliar os organismos de defesa, como MP, polícias. Já conversamos com eles, inclusive. Temos equipamentos no Beira-Rio de alta tecnologia, que estão à disposição do poder público, sempre. Tudo o que estiver ao alcance do Inter para municiar as autoridades está à disposição. Mas não temos poder de polícia. É a nossa dificuldade. Podemos auxiliar na identificação das pessoas que estiverem cometendo delitos e separar o joio do trigo, vamos dizer assim. Existem torcedores de organizadas que ajudam o clube. Não podemos colocar todos em uma vala comum. Temos que fazer a separação de quem vai atrapalhar o espetáculo e de quem quer ajudar o clube. Temos uma decisão judicial, que suspende as torcidas, que vai ser cumprida na íntegra. Mas exercitar controle em um estádio como o de Veranópolis, que tem precariedade de instalações, é difícil. Vimos pedras soltas ao redor, é complicado para um clube visitante em um lugar que não conta com quase nenhuma questão de segurança atendida.
Internamente eles podem ser punidos?
Sem dúvida. Quando há sócios identificados, a ouvidoria deflagra um processo punitivo que vai para a comissão de ética e será julgado nas instâncias internas do clube.
O Inter deu ingressos ou pagou a viagem para as organizadas irem a Veranópolis?
Eventualmente, faz parte da história dos clubes: ajuda-se um ou outro torcedor. Mas neste caso, não houve nada disso. Não vamos tratar a torcida organizada como se só tivesse bandidos dentro. Entendemos que organizada faz parte do espetáculo, auxilia o clube e temos que separar quem está se infiltrando para cometer delitos.
O juiz Marco Aurélio Martins Xavier disse em entrevista recente que torcedores informaram ter recebido ingressos...
Às vezes acontece de algum consulado entregar ingressos. O clube bota ingressos à venda e eventualmente alguém pode comprar e distribuir. Isso transcende ao nosso controle. Como não tenho conhecimento sobre a denúncia, prefiro não falar.
Está cortada a relação com as torcidas até o fim da decisão judicial. E depois?
Me parece a linha mais correta, mais racional. Não adianta tratarmos todos como bandidos. Não é justo e não é lógico.
* ZH Esportes