Se havia críticas à soberba que havia tomado conta do vestiário do Inter na gestão Vitorio Piffero, a ascensão de Roberto Melo ao cargo representa uma dose de sobriedade. Entre os amigos e os integrantes do Movimento Inter Grande (MIG), o novo vice de futebol é reconhecido pela discrição e pelos sorrisos esparsos.
– Ele é muito discreto, muito família, muito correto do ponto de vista pessoal, um sujeito muito sério. Até para o cargo que ocupará, isso é determinante. É uma função que exige discrição – observa Alexandre Chaves Barcelos, vice-presidente eleito e parceiro de Melo nas categorias de base em 2011.
Foi Alexandre quem aproximou o novo vice de futebol e Marcelo Medeiros. Quando o atual presidente foi guindado por Giovanni Luigi ao comando do futebol, convidou-o para que ocupasse o cargo de diretor. Alexandre recusou por motivos profissionais, mas indicou Melo. A esta altura, o trabalho na base e o conhecimento aprofundado de futebol chamavam a atenção no Beira-Rio. Hoje, a relação entre o trio vai além do Inter. As mulheres se tornaram amigas, e as saídas para jantar e os churrascos são frequentes.
Pode-se dizer que o novo vice de futebol do Inter se preparou para assumir esse cargo. Cumpriu bem o estágio na base entre 2011 e 2013. Concentrou seu trabalho nas categorias sub-20 e sub-23. Ali, aprendeu a lidar com o estrelismo dos jogadores e a sanha dos empresários. Em 2014, como diretor de futebol de Medeiros, participou da campanha do terceiro lugar no Brasileirão.
– Ele é muito interessado pelas coisas do futebol, busca o conhecimento, vê jogo, gosta de saber o que está acontecendo e quem são os jogadores – atesta Jorge Andrade, diretor executivo da base.
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Melo já seria o vice de futebol caso Medeiros tivesse vencido a eleição no final de 2014. Nesses últimos dois anos, aproveitou o tempo fora do clube para se aperfeiçoar. Fez os cursos de análise de desempenho, gestão técnica e de modelo de jogo da Universidade do Futebol. Está cursando Gestão de Futebol, da Fundação Getúlio Vargas. Diz que estuda para poder conversar com técnicos, jogadores e preparadores físicos.
O futebol é quase um vício para Melo. Assiste ao máximo de jogos que o tempo lhe permite. Em viagens com a mulher, arruma sempre uma maneira de ir a um estádio. Em 2015, foi ver Barcelona x Bayern pela Liga dos Campeões. Aproveitou ainda para visitar o CT do clube catalão e, em Lisboa, o do Benfica.
Os amigos não se surpreendem com a disciplina aplicada em algo que deveria ser um lazer. Ex-dirigente e conselheiro, Luiz Anápio Gomes, do MIG, garante que o cargo de auditor moldou sua personalidade. Mas ao ouvir a história de vida contada pelo próprio Melo é possível perceber que vem de berço. A origem do novo vice de futebol foge do padrão a que estamos acostumados a ver nos gabinetes da Dupla. Filho de uma família humilde, cresceu em Canoas e começou a trabalhar cedo. Com 13 anos, era empacotador no Zaffari da Rua Fernando Machado, no Centro. Foi também office-boy.
A maturidade veio cedo. Com 18 anos, virou pai. Suou para conciliar estudos e paternidade. Formou-se em Direito pela UFRGS e em Economia pela Ulbra. Antes de ingressar na Receita Federal, trabalhou no Poder Judiciário. A precocidade como pai fez de Melo um avô aos 49 anos. Em maio, sua filha deu à luz os gêmeos Vitor e Helena.
O novo vice de futebol se refere aos pequenos como suas "joias". Posou para fotos com eles no Gigantinho, no sábado, na comemoração pela vitória de Medeiros na eleição.
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