Na vida política do Inter desde 1994, Mário Sérgio Martins, 54 anos, venceu a eleição para a presidência do Conselho Deliberativo (CD) para um mandato de dois anos. Assumiu segunda-feira à noite depois do fechamento das urnas no Beira-Rio no lugar de Ibsen Pinheiro.
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Torcedor desde a era dos Eucaliptos, nos anos 1960, conselheiro, com trabalho no conselho fiscal e vice-presidente de Fernando Carvalho, o advogado Mário Sérgio falou comigo por telefone. Ele está feliz, otimista e motivado.
O que o presidente do CD pode fazer pelo Inter?
O estatuto do Inter é muito bem definido. Nós temos quatro poderes: assembleia geral, que é o maior poder, o conselho deliberativo, o conselho fiscal e a direção. Cada um tem seu papel bem definido. O Conselho Deliberativo tem responsabilidade de traçar alguns rumos administrativos, trabalhar em alterações políticas e criar um cenário para que o clube possa avançar em novas realizações. A sala do presidente do conselho está aberta. Todos estão convidados.
O CD pode trocar o treinador? Influenciar, coisas assim?
O futebol tem muito de folclore, diz, por exemplo, que não se discute futebol na sala do conselho. É pura verdade. No conselho, tenho mais de 300 treinadores. Imagina questionar se um técnico ou um jogador deve ser contratado? Você vai ver 600 opiniões porque cada um tem duas ou três posições diferentes. É impossível discutir futebol, mas nós falamos de futebol no cafezinho. Mas não é pauta. Nem pode ser. Essa discussão é para a direção de futebol.
Mas o CD cobra metas?
O papel do conselho não é discutir técnicos ou jogadores, craques ou não. As reuniões durariam 24 horas e não chegaríamos a lugar nenhum. Mas precisa ter posições importantes nas questões políticas, econômicas, financeiras e administrativas.
Qual o rosto do conselho?
Tem a cara do clube. É maduro, inteligente, democrático e conhece seu papel. Creio que está preparando muito bem o clube para o seu futuro.
A oposição tem vida entre os conselheiros neste momento?
Graças a Deus a oposição é muito forte. Gosto de uma posição ativa, de ouvir as suas ideias. É preciso debater. Vou dar voz a todo o mundo.
Como o CD trata da profissionalização total do clube, com dirigentes assalariados?
Nós precisamos olhar para a frente, mirar o futuro. Nós não temos esta cultura ainda, nem o Inter e nem qualquer clube do Brasil. Os que tentaram de uma forma açodada estão na oitava divisão do futebol brasileiro. Não souberam administrar a questão. Não temos a cultura, mas caminhos para tanto. Mas para remunerar dirigente, antes, é preciso alterar a legislação, adaptar leis especiais aos clubes. Precisamos analisar bem, muito bem esta questão. Discutir.
E o déficit do Inter preocupa o novo presidente do conselho?
Sim, mas nem sempre o déficit significa má gestão. Às vezes o déficit é responsável, não irresponsável. Tivemos que gastar mais, tudo certo, mas temos condições de pagar. O clube assume a dívida dentro do seu tamanho. O déficit não é o que nós queremos. Não ter déficit seria a melhor coisa do mundo. Às vezes é impossível administrar um clube da grandeza do Inter sem gastar. Aí, o papel do conselho é importante, muito importante.
Opinião
Luiz Zini Pires: Conselho Deliberativo do Inter não discute treinador, diz presidente eleito
Luiz Zini Pires
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