Às vésperas da retomada do principal torneio de clubes do continente, GZH começa nesta sexta-feira (20) a série Histórias da Libertadores, dando voz a personagens que fizeram sucesso, e que viveram momentos de pressão. São textos em primeira pessoa, extraídos a partir de relatos dos entrevistados. A primeira reportagem traz dois jogadores campeões. Osvaldo ajudou o Grêmio a conquistar a edição de 1983. Tinga foi um dos ícones dos títulos do Inter em 2006 e 2010. Nos próximos dias, as vozes serão de Murilo, ex-goleiro tricolor, Michel, ex-atacante colorado, e do ex-árbitro Renato Marsiglia.
Osvaldo foi decisivo para o Grêmio conquistar a Libertadores de 1983. Meia clássico, de ótimo passe, visão de jogo privilegiada e presença de área, ele comandou o ataque em diversas partidas. Contra o América de Cali, no dia 6 de julho, ele desequilibrou.
Depois de o time gaúcho sair na frente com um gol de Caio, ainda no primeiro tempo, os colombianos chegaram ao empate aos 15 minutos do segundo tempo, com Battaglia. A igualdade poderia complicar o Grêmio, porém, antes mesmo de o América conseguir se assentar no confronto, Osvaldo fez o gol do 2 a 1. A vantagem deu tranquilidade ao time para segurar o jogo. Mazaropi ainda defendeu um pênalti, evitando o empate e deixando o Grêmio próximo da vaga à final.
"O sonho tinha começado, e aquela vitória foi importante"
"Aquele jogo seria na terça de noite, mas caiu um temporal no dia, choveu muito, e a partida ficou para quarta à tarde. Até tinha parado a chuva, mas o campo ficou pesado, difícil. Tudo embarrado. Então aumentou o cuidado para os dois lados. Ficou mais lento e mais duro. Cansava mais.
A gente precisava do resultado, era nosso último jogo em casa. Tínhamos perdido por 1 a 0 para eles em Cali. O time do América era muito bom, nos dominaram lá. Acho que eram uns quantos jogadores da seleção da Colômbia. Para eles, valia tudo. E até um empate não era ruim.
Lembro que começamos bem, em cima, até que o Caio fez 1 a 0, ainda no primeiro tempo. Mas aí eles cresceram, perderam muitos gols. No segundo tempo, conseguiram empatar. Menos mal que saiu meu gol logo depois, daí conseguimos manter a tranquilidade.
Como foi o gol? Agora estou me lembrando. Foi uma jogada na área, uma falta pelo lado esquerdo. A bola foi cruzada na área e subiu todo mundo para cabecear. Bateu em uns dois caras, eu acho, e sobrou para mim. Eu sempre me posicionava perto da marca do pênalti. É o lugar onde a bola costuma sobrar, né? (risos)
Percebi que a bola ia sobrar para mim quando ela ficou alta. Não tinha muito espaço para pensar, não tinha nada. Peguei como veio, de virada, com pé esquerdo, se não me engano. Ficaram três caras em cima da linha. A bola passou por todos eles, na frente. Bateu na trave e tudo. Foi fraquinho, fraquinho, bem devagar. Quase não entrou. Mas entrou, ainda bem.
Aquele gol foi bom para nós, deu confiança. Eles vieram para cima de novo. E aí teve o pênalti, né? Acho que já estava no final do jogo. O Ortiz era o craque deles. Bateu alto e forte, mas o Mazaropi defendeu. A gente fala disso como se fosse ontem, mas já faz 36 anos, você veja bem.
Nos encaminhamos para a final naquela tarde. O sonho tinha começado, e aquela vitória foi muito importante.
OSVALDO
Meia do Grêmio
Ganhar aquele jogo foi fundamental. Foi mais um degrau que subimos. O Valdir Espinosa desenhou uma escada, como se fosse partida a partida até a final. Aquele foi um salto.
O América deu trabalho, o Estudiantes, claro, deu trabalho também. Até o Bolívar tinha dificultado as coisas pouco antes. E contra o Flamengo tivemos uma grande atuação, fizemos 3 a 0 no primeiro tempo, acabou 3 a 1 para a gente. Mas ganhar do América nos deu força. Nos encaminhamos para a final naquela tarde. O sonho tinha começado, e aquela vitória foi muito importante.”