"Obcecado" por títulos, Renato Portaluppi aproxima-se de uma marca que raros treinadores obtiveram na história do Grêmio. A conquista do Gauchão, domingo, somada à da Recopa Sul-Americana, abre ao treinador e ao clube a perspectiva de uma nova tríplice coroa, feito alcançado pela última vez em 1996. Brasileirão, Copa do Brasil e Libertadores são as chances que se abrem para que a meta seja alcançada neste ano.
Em 1996, ano em que o técnico era Luiz Felipe Scolari, o Grêmio ganhou Gauchão, Recopa Sul-Americana e Brasileirão. Desde então, a última vez que ganhou duas taças no mesmo ano havia sido em 2001, quando, sob o comando de Tite, o time venceu Gauchão e Copa do Brasil.
A possibilidade de seguir acumulando títulos pesou na decisão de Renato em permanecer no Grêmio, conforme o técnico explicou ontem, em entrevista à Rádio Gaúcha, minuto antes de embarcar para a folga de dois dias no Rio.
— Temos um grupo muito bom, forte, cada vez mais fortalecido. Vamos procurar disputar bem e ver se conseguimos mais um título — disse Renato, sem especificar qual das competições será a prioridade para o restante da temporada.
Os jogadores também se encantam com a possibilidade da definitiva consagração da atual geração. A cada entrevista, ressaltam o quando são cobrados pelo técnico, sob o argumento de que só títulos os farão serem lembrados pelas futuras gerações de torcedores.
— Este grupo está deixando o seu nome na história do clube, como os times dos anos 1990 e os anos 1980 — acredita o goleiro Marcelo Grohe.
O time de 1996 já empilhava títulos desde as temporadas anteriores. Em 1994, havia conquistado a Copa do Brasil. No ano seguinte, ganhou o Gauchão e a Libertadores. No ano da tríplice coroa, esteve bem próximo de chegar a uma quarta decisão. Não fosse o gol legal de Jardel anulado pelo árbitro Dacildo Mourão, teria a chance de levar para os pênaltis a semifinal contra o Palmeiras.
— Ganhar tantos títulos em um só ano é uma sensação maravilhosa — empolga-se o atacante Paulo Nunes, que participou da tríplice coroa de 1996. _ Ao ganhar o Gauchão, você mostra quem comanda o Estado. A Recopa, conquistada no Japão, foi um título inédito, depois de termos perdido o Mundial (para o Ajax-HOL). E o Brasileiro confirmou nossa hegemonia. E eu ainda fui o artilheiro.
Preparador físico do Grêmio em 1996, Paulo Paixão enxerga semelhanças entre aquele momento e o vivido hoje. Destaca que, como Fábio Koff, Romildo Bolzan Júnior soube manter por longo tempo a comissão técnica e o grupo de jogadores. A atual direção, observa o preparador, também valoriza jogadores formados em casa, como os dirigentes de 1996 fizeram apostando em nomes como Danrlei, Roger, Carlos Miguel e Arilson, mesclando com atletas mais experientes.
Paixão expressa carinho pelo técnico Renato Portaluppi. A amizade entre os dois vem desde 2003, quando atuaram juntos no Fluminense. Depois de iniciar no Madureira a carreira na casamata, o técnico vivia no clube carioca sua primeira experiência como treinador de um grande clube. Paixão voltava às Laranjeiras depois de passagem pelo Grêmio.
— Particularmente, fico muito feliz por Renato. Ele merece tudo isso. Trabalhou muito para chegar a esse momento — elogia o preparador.
Vice de futebol em 1996, Luiz Carlos Silveira Martins, o "Cacalo" identifica fortes semelhanças no estilo de trabalho dos presidentes Romildo Bolzan Júnior e Fábio Koff. Para ele, a função do dirigente é oferecer retaguarda à comissão técnica e jogadores. Ele elogia o atual mandatário pela eficiência na escolha dos dirigentes da área do futebol e pela pacificação do clube.
— O maior presidente da história é Fábio Koff, por ter sido campeão mundial. Mas o trabalho de Romildo está sendo extraordinário — diz Cacalo.
Anos de tríplice coroa do Grêmio
1996 - (Brasileirão, Recopa e Gauchão)
1958 - (Gauchão, Citadino e Início de Porto Alegre)
1931 - (Gauchão, Citadino e Início de Porto Alegre)
1922 - (Gauchão, Citadino e Início de Porto Alegre)