Durante a cobertura da RBS aqui em Abu Dhabi, no Mundial de Clubes, tive a missão de achar histórias curiosas de gremistas que deram a vida para estar no outro lado do planeta. Alguns deles percorreram diversos países até chegar aos Emirados Árabes Unidos, outros esperaram anos e anos para ver o Tricolor de perto.
Ouvindo os relatos, pensei em contar, rapidamente, o que sinto nessa cobertura. Sou jornalista, gremista de coração, gosto de futebol, de informar e de entreter. Juro por Alá que não imaginava cobrir o Mundial do meu time. Estar aqui é a realização de um sonho.
Nasci no dia 10 de dezembro de 1983, dia em que o Grêmio conquistou seu primeiro Mundial. Enquanto Renato fazia dois gols, eu nem sequer abria o olho, apenas recebia o colo da minha mãe e chorava. Certamente um choro de felicidade. Pelo que me contam, a cidade estava um alvoroço, extremamente mobilizada, afinal era a primeira vez de um time gaúcho na competição. A ficha caiu mesmo anos mais tarde.
Dezembro de 1995, quase verão em Porto Alegre, eu no início da adolescência. Lembro bem. Recortava, guardava, queria ter tudo do Grêmio. Com 12 anos, a gente só tem uma responsabilidade: estudar. Só que eu queria jogar bola. Ver o Grêmio. Viver o Grêmio. Minha geração moldou seu caráter futebolístico vendo Danrlei, Dinho, Paulo Nunes e Jardel. Só que daquela vez nós não ganhamos. A verdadeira seleção da Holanda, travestida de Ajax, não conseguiu ganhar do Grêmio, mesmo que tivéssemos um a menos, mas os melhores batedores de pênalti daquele time falharam. Eu e meu amigo Gustavo Rolim choramos. E muito. A gente não estava acostumado com derrotas. Foi uma das poucas da época. O que era raro virou rotina. Durante longos 15 anos, fomos obrigados a ver nosso maior rival crescer, ganhar títulos e aguentar firmes a fase ruim.
Agora, 16 de dezembro de 2017, seja qual for o resultado, faremos história. Hoje, me encontro novamente de uniforme azul. Foi a cor escolhida pela RBS para colorir as camisetas que hoje me trazem para o Estádio Zayed Sports City. Hoje, Grêmio, te pedir qualquer coisa seria muita pretensão.
Por isso, faça por ti, pela tua história, por Lara, Hélio Dourado, Fábio Koff. Faça pela Baixada, Olímpico e Arena. Faça pelo Seu José, Seu Luiz e Dona Maria. Gremistas anônimos ou importantes. Célebres ou desconhecidos. Faça pelos 8 milhões que te seguem por toda parte para te ver campeão. Grêmio, obrigado por tudo!
Seja o que Alá quiser!