
Sem saber o que mais fazer para evitar o naufrágio do seu clube do coração, o santacruzense Tiago Rech resolveu embarcar numa cruzada rumo ao desconhecido. Com apenas 27 anos, o jovem jornalista aceitou o desafio de assumir o Futebol Clube Santa Cruz. Ele terá o nome aclamado pelos conselheiros em eleição na noite desta sexta-feira para o biênio 2014/2015.
O fanatismo de Tiago pelo clube ganhou notoriedade em 2012, quando foi flagrado pelas câmeras de televisão em uma partida entre o Galo e o Grêmio no Estádio Olímpico. Ele era o único torcedor trajado de preto e branco no espaço destinado à torcida adversária.
Após estudar e trabalhar em Porto Alegre, em 2013 Rech voltou para sua cidade-natal no Vale do Rio Pardo para ser o assessor de imprensa do Santa Cruz. Mas o primeiro semestre não foi bom. Disputando a Divisão de Acesso do Gauchão, o Santa Cruz quase caiu para a Segundona e ainda viu o arquirrival Avenida retornar à elite.
- Essa má fase dos últimos anos abriu o caminho. Sempre foi um sonho meu. Acabou que surgiu o momento e as condições para isso ocorrer. Quando apareceu a oportunidade, resolvi embarcar - conta.
Há 21 anos, o clube da capital gaúcha da Oktoberfest não via futebol o ano inteiro. Limitava-se a disputar o regional no primeiro semestre. Motivado pela ideia de disputar a Copa FGF deste ano, Rech buscou recursos e trocou ideias com conselheiros. Em uma sexta-feira igual a todas as outras nas quais entusiastas do clube se reúnem para um churrasco de confraternização, a utopia da presidência começou a tomar forma.
- Trabalhei muito para o clube jogar a "Copinha". Eu já comentava com algumas pessoas que tinha essa vontade. Numa dessas noites eu disse que estava disposto a assumir essa loucura. Alguns conselheiros antigos gostaram da ideia e tudo se resolveu - explica.
Para a empreitada, o jovem chamou amigos de idade semelhante a sua com o intuito de renovar o Santa Cruz e, assim, reaproximá-lo da torcida. Também terá apoio de Darci Fischborn, ex-presidente que será seu vice. O técnico é o ex-jogador Sananduva. A juventude será a base do elenco.
- Queremos montar uma equipe jovem, com talentos da cidade e da região, para montar uma base para o ano que vem. Se conseguirmos tirar uns 10 atletas na Copinha, já está bom - diz Rech.
Para "vender" a ideia de um clube renovado, o rapaz pretende criar um modelo de sócio-torcedor. O Santa Cruz não possui sócios, apenas conselheiros. Um dos principais desafios, além de despertar o interesse dos santacruzenses, é ajustar as finanças , pois as dívidas rondam o Estádios dos Plátanos.
- Houve jogos neste ano que o público não passou dos 200 torcedores. Um clube com essa história não pode admitir isso. Queremos jogadores identificados com o clube. Quem sabe, criar ídolos para a torcida. Precisaremos do apoio de todos - encerra.