Maior holofote do futebol, a Copa do Mundo apresenta-se como o cenário ideal para que as grandes estrelas iluminem ainda mais o planeta bola. Mas o esporte também é feito de operários em busca de um fulgor no meio dos grandes astros. Roger Milla, Schillaci, Salenko são alguns dos que conseguiram reluzir em meio aos grandes nomes. Um novo candidato a entrar nesta lista enfrenta a Seleção Brasileira nesta segunda-feira (5).
Em um time repleto de Kins, Cho Gue-Sung quebra o misto de cacofonia com rima da equipe da Coreia do Sul. Conforme suas próprias palavras, trata-se de um jogador insignificante antes de a bola rolar no Golfo Pérsico. Depois de 195 minutos distribuídos em três partidas, ele precisou desligar o seu telefone para conseguir se concentrar no futebol.
Suas redes sociais contavam com cerca de 20 mil seguidores antes de o torneio começar. Virou quase uma estrela do nível dos artistas de K-Pop, maiores estrelas do país. Agora são mais de 1,6 milhão de seguidores.
Parte do sucesso se dá pela aparência do camisa 9. Um vídeo de 2020 foi repostado nas redes sociais poe um jornalista coreano. A gravação tem apenas o jogador sentado no banco de reservas, mas rendeu mais de 7 milhões de visualizações. Perguntas relacionadas a sua vida amorosa pipocaram nos mecanismos de busca. Seu telefone recebeu uma montanha de mensagens a cada hora do dia. Algumas continham pedidos de casamento. Para conseguir dormir, ele se desconectou das redes sociais e dos aplicativos de mensagem.
A singela filmagem de dois anos atrás tem um detalhe. Cho estava sentado no banco de reservas em uma partida pelo seu clube. Menos de 800 dias depois, brilha na Copa do Mundo.
Segundona sul-coreana
Antes de atingir o estrelato mundial, Cho desembarcou no catar como o artilheiro da K-League, o Brasileirão da Coreia do Sul. Até então era o pico de uma carreira peculiar.
Nascido em Ansan há 24 anos, o camisa 9 iniciou sua carreira como volante no futebol universitário, onde ficou até os 20 anos. Aos poucos, avançou no campo. Quando chegou ao Anyang, da Série B do Coreanão, era centroavante. Os primeiros gols apareceram no Jeonbuk Motors e o levaram para o Gimcheon Sangmu, quando ganhou destaque e espaço na seleção nacional.
Como no vídeo que se popularizou, Cho estava no banco de reservas quando a chance na Copa do Mundo surgiu. Após uns minutos sem destaque na estreia contra o Uruguai, voltou a entrar no decorrer do jogo contra Gana. Dessa vez vieram três cruzamentos da esquerda. Dois deles acabaram nas redes, o que foi insuficiente para evitar a derrota por 3 a 2.
– Eu era apenas um jogador insignificante. Não acredito que estou jogo em nível internacional – confessou após a partida.
A fama repentina está perto de fazer com que ele deixe de ser um operário da bola. Os gols na Copa já colocaram o seu nome no radar de Celtic, Fenerbahce, Borussia Dortmund e, sobretudo, de Tite e sua comissão técnica, afinal é preciso evitar que ele brilhe mais uma vez.