Não tem como estar aqui, trabalhando na cobertura de uma Copa do Mundo, e não ser um pouquinho torcedora. Ou não sentir o coração bater mais forte. A gente é jornalista esportivo, mas também é gente, né? Fica ansioso, com dor de barriga, numa expectativa imensa a cada jogo, a cada história que iremos contar.
Quando soube que viria para o Catar e as pessoas começaram a me perguntar sobre como eu estava me sentindo, a resposta era uma só:
— Ah, não vou fingir normalidade. Eu estou explodindo de felicidade e emoção!
A mais pura verdade. Em uma entrevista o técnico Tite falou sobre “ser mais Adenor”. Ser mais ele mesmo. No fim das contas, esse é o melhor que podemos fazer. E trazer o máximo de tudo o que estamos sentido, para que vocês possam sentir também.
E chegou o dia! De começar a contar a história do Brasil nesta Copa. É o caminho em busca do hexa, da nossa sexta estrela. Eu acredito. E vocês? Se tu tá comigo, tu é daqueles que vai fazer barulho, decorar a casa, pintar o rosto, fazer um cabelo diferentão, colocar as cores da seleção. Vai reunir a família, os amigos, os vizinhos. Sempre foi assim na casa dos meus pais, lá no bairro Partenon, zona leste de Porto Alegre. Vai ser assim hoje pertinho da torcida do Brasil, aqui no Catar. Se tu tá comigo nessa, a resposta para a pergunta lá do título desta coluna é uma só.
— Bora sextaaaaaarrrr!
E bora trabalhar
Assim como os sentimentos são intensos, o trabalho também é. Não é novidade para ninguém: o Brasil é um dos favoritos dessa Copa do Mundo. Então, resolvi bater na porta, literalmente, de jornalistas estrangeiros, dentro do IBC, o grandioso centro de imprensa dessa Copa do Mundo.
Fui na sala de uma rádio espanhola, a seleção que já aplicou a maior goleada da Copa até aqui e que pode ser a sensação do Mundial. E vocês lembram que eu disse também que nós jornalistas somos um pouco torcedores? Pois meu colega de profissão, Jorge Escorial, me recebeu vestindo a camisa da Espanha. Perguntei como ele achava que o Brasil ía se sair nesta Copa. Confiante, ele respondeu:
— O azar do brasil é que se ficar em primeiro do grupo cruzaria com a Espanha. Mas se ficar em segundo, se livraria de enfrentar a seleção espanhola. E aí acredito que a seleção poderia chegar até a final. É um time muito bom.
Depois, entrei fui tentar espionar o nosso adversário, claro. Qual a expectativa da imprensa da Sérvia para a estreia contra o Brasil? O jornalista Aleksandar Stojanovic foi direto e reto:
— A seleção brasileira é a primeira favorita, não há dúvidas sobre isso. Não só pra vencer esse jogo. Mas pra vencer a Copa. Mas nosso time vai tentar dificultar a vida do Brasil. A Sérvia vai tentar se aproveitar de algumas situações para ganhar o jogo, completou.
Ou seja, o Brasil não pode bobear. Olhos bem abertos porque já teve zebra passeando pelo deserto. Mas nós estamos prontos! E confiamos que o Brasil fará aquilo que nenhuma outra seleção conseguiu tantas vezes: ser campeão!
“Ah, vai te Catar”
Cordialmente, terminei as duas conversas agradece do e apertando a mão dos amigos da imprensa que com muita gentileza toparam falar conosco. E por fim desejei boa sorte. Dei e uma pequena pausa. Eles me olharam, com certa desconfiança. Eu sorri e completei:
Boa sorte para nós, brasileiros!