Em Rosario, não havia gente mais feliz do que as pessoas em frente ao bar Vikings, por volta de 15h. O apito final na vitória do Brasil, 1 a 0 sobre a Suíça, que garantiu antecipadamente a Seleção Brasileira nas oitavas da Copa do Mundo, foi senha para uma centena de torcedores sair para a esquina das ruas Santa Fe e Suipacha. O calor da tarde e do lugar foi amenizado pela cerveja gelada, preparando a festa que se estenderia por mais umas boas horas.
Quem é de Rosario sabe. Esse canto da cidade é tomado por brasileiros. O bar é estrategicamente localizado em frente ao prédio da Faculdade de Medicina. E o que não falta é brasileiro estudando medicina na cidade.
Segundo a Universidade Nacional de Rosario, há 2 mil brasileiros estudando Medicina. Isso representa 10% dos alunos. Há ainda mais duas faculdades (privadas) recebendo estudantes.
Rosario é uma cidade cosmopolita nesse sentido. Abriga estrangeiros de diversas nacionalidades. No caso dos brasileiros, o fator econômico ajuda a explicar a opção pelo país. A opção pela cidade se dá em função da acolhida.
— Rosario tem tudo sem a loucura de outros lugares. Os brasileiros vêm, se sentem à vontade, criam esses vínculos e ficam na cidade — explica Gabriel Batista, o dono do bar.
O lugar, aliás, foi sua grande aquisição no "ciclo de Copa". Em 2018, era estudante de Medicina e funcionário do bar. Agora se formou e é o dono.
— Por enquanto vou deixando a Medicina de lado. Esse lugar é muito bom não só financeiramente mas também como ponto de encontro. Somos referência na cidade. Pergunta a um taxista sobre o Brasil em Rosario — brinca o mineiro de 29 anos.
O alagoano Victor Matheus Souza é seu fiel escudeiro. Também estudante, divide atenções entre a aula e o bar. Com a classificação antecipada, mais dois jogos estão assegurados.
— Dois nada. Queremos ir até a final. Mas de preferência não contra os argentinos, deixa eles lá — diverte-se Victor.
Durante o jogo, o bar ficou lotado. Quem não cabia sentado ficou em pé mesmo, catando espaço para enxergar o jogo no telão. No primeiro tempo, o momento de maior emoção foi quando um torcedor levantou-se e sua cadeira despencou. Coincidência ou não, um copo se quebrou ao mesmo tempo. Em meio às gargalhadas, teve início um coro que parece ser tradicional do bar:
— Mil pesos! Mil pesos!
O intervalo foi marcado por uma playlist de pagode que manteve o povo animado, ainda que apreensivo. Tanto que o "DJ" custou a ver que havia começado o segundo tempo e deixou a música rolar por três minutos até que os gritos alertassem.
O gol de Vinicius Jr foi a primeira explosão do bar. Mas quando o VAR mostrou a posição irregular de Richarlison, a frustração tomou conta.
O pessoal ainda tentou gritar, repetindo as músicas que os brasileiros cantam no Catar. Mas já se notava até um certo desânimo quando Casemiro acertou o chutaço que deu a vitória. Aí, sim, veio uma explosão digna de arquibancada.
No final, todos para a rua para tentar um ventinho que salvasse do calor. E muita cerveja e drinks. Sexta-feira tem mais.