O Brasil tem formado muitos mestres e doutores que, no entanto, acabam deixando o país ao vislumbrarem melhores condições de trabalho no Exterior (leia reportagem sobre o tema aqui). Mas o problema pode ser solucionado, e nem todas as medidas se resumem a aumento de verbas. Confira:
1. Aproximação entre universidades e setor privado
Nem sempre há um contato tão próximo como deveria entre o universo acadêmico e o setor produtivo. Políticas voltadas a uma maior interação entre universidades e empresas permitem aumentos de produtividade e de valor agregado das empresas, e de empregabilidade por parte dos especialistas formados nas instituições brasileiras. Isso pode ser buscado por meio de estratégias encaminhadas em nível municipal, estadual ou federal.
2. Políticas de estímulo à inovação
De maneira geral, o Brasil é um país pouco afeito à inovação – ocupa a 62ª posição de um ranking internacional que combina 80 indicadores variados de 131 países (veja mais números abaixo). Uma das razões é a falta de disposição pública ou privada em correr riscos, já que projetos de inovação nem sempre têm resultados garantidos no curto prazo, podem exigir mudanças de rumo, novos investimentos etc. Políticas públicas que desonerem ou estimulem projetos voltados à inovação e maior disposição de ousar por parte do empresariado são consideradas vitais.
3. Mudança no regime de trabalho dos pesquisadores
Uma das principais queixas de quem trabalha com pesquisa em universidades é o excesso de burocracia e a sobreposição de tarefas como a necessidade de conciliar o trabalho em sala de aula, de orientação de alunos de mestrado ou doutorado, a dedicação aos próprios projetos de pesquisa e o preenchimento de papéis. Os cientistas precisam lidar com obrigações como fazer orçamentos de insumos, inventariar equipamentos, preencher formulários extensos e repetitivos etc. Em outros países, há secretários destacados para cumprir parte dessas atividades ou menos etapas burocráticas a serem superadas, por exemplo.
4. Recuperação do investimento em ciência e tecnologia
Nos últimos anos, por opção política e como reflexo da crise econômica que afeta o país, os níveis de investimento em pesquisa, ciência e tecnologia caíram. Uma das principais fontes de recursos para o setor, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico chegou a ter 90% dos valores desviados para outros fins. Uma lei recentemente aprovada impede que isso ocorra, mais ainda precisa ser contemplada no orçamento da União para 2021. Isso representaria de R$ 5 bilhões a R$ 7 bilhões por ano. Entre 2004 e 2019, essa fonte custeou mais de 10 mil projetos de pesquisa no Brasil.
5. Valorização das bolsas de pesquisa
Uma medida fundamental é recuperar o valor das bolsas federais pagas a pesquisadores, sem reajustes desde 2013 – R$ 1,5 mil para mestrado e R$ 2,2 mil para doutorado. Além desse congelamento, o número de benefícios concedidos por Capes e CNPq vem em tendência de queda desde 2015. As duas agências, somadas, ofereceram em 2020 14% menos bolsas do que cinco anos antes. Para manter cientistas no país, será necessário reverter essa tendência.