Terceiro curso superior mais buscado no país – o primeiro entre as licenciaturas –, a Pedagogia tem exigido versatilidade dos profissionais que escolhem esta formação. Conforme o Censo da Educação Superior 2016, Pedagogia tinha 679.286 alunos matriculados no país – ficando atrás somente de Direito e Administração.
Formados nesta área têm pela frente um campo aberto para inovação, mas também repleto de desafios. Nascidas conectadas à internet, as crianças se tornaram mais exigentes quanto à forma e ao conteúdo, e os professores precisam saber como surfar nesta onda.
– É um erro pensar que as novas tecnologias, ao dar mais autonomia ao aluno, irão substituir o professor. A realidade é que os professores terão de desenvolver novas metodologias para ensinar – destaca Bettina Steren dos Santos, professora do curso de Pedagogia da Escola de Humanidades da PUCRS.
Aos 36 anos, a pedagoga Juliana Cochlar faz parte de uma geração que cresceu cercada por novas tecnologias e faz questão de utilizá-las para surpreender os alunos em sala de aula. Professora dos anos iniciais do Colégio Champagnat, em Porto Alegre, estimula os estudantes a avançarem seu conhecimento assistindo no YouTube vídeos educativos de temas que trata em sala de aula, como ditadura militar no Brasil e Segunda Guerra Mundial.
Os celulares em sala de aula estão permitidos, mas apenas em momentos específicos para fazer pesquisas acadêmicas. Juliana elabora as lições com áudio e vídeo, aproveitando a abundância tecnológica e gráfica disponível na rede mundial.
– Se você passa a informação mais básica, de uma forma convencional, não consegue atrair a atenção de ninguém – explica.
Além do trabalho nas escolas, a revolução tecnológica trazida pelos celulares, tablets e o uso da internet possibilitam a atuação dos pedagogos em outras áreas. Bettina afirma que empresas de Tecnologia da Informação e de desenvolvimento de aplicativos educacionais têm buscado, cada vez mais, pedagogos para ajudar a elaborar e apresentar o conteúdo.
– Outro mercado em crescimento passa pela inclusão, com muitas empresas procurando pedagogos para apoiar seus funcionários com necessidades especiais – afirma ela.
Olho no futuro
Tais movimentos reforçam a necessidade por pedagogos ainda mais atualizados e com uma visão focada também no meio corporativo, e não apenas no ambiente escolar. Conforme Rose Russowski, diretora da consultoria Lee Hecht Harrison na Região Sul, o pedagogo deixou de ser apenas aquele profissional de educação que atua dentro das escolas, exigindo dele uma visão multidisciplinar, com habilidade para atuar em diferentes modelos de negócio, preferencialmente se antecipando com soluções para o futuro.
– Algumas instituições, prezando pela formação contínua, pedem especialização, priorizando profissionais com pós-graduação ou mestrado – afirma Rose.
Interessados em fazer o curso encontram 78 instituições de Ensino Superior no Rio Grande do Sul, distribuídas em 156 municípios, conforme o Ministério da Educação. Na Capital, são 31 instituições que formam pedagogos.
Conforme dados de 2014 divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) em junho deste ano, havia 2 milhões de professores em atuação no país, sendo que metade trabalhava na rede de ensino municipal.
Saiba mais sobre o curso
- Tempo médio de curso: de três a quatro anos
- Formação: conforme o Ministério da Educação, 78 instituições de Ensino Superior no Rio Grande do Sul, distribuídos em 156 municípios, oferecem formação em Pedagogia. Na Capital, são 31 faculdades e centro de formação.
- Áreas de atuação: ensino em escolas, pedagogia empresarial, consultoria em empresas que fazem livros e softwares educacionais, gestão escolar e orientação educacional.
Novas exigências ao profissional
- Estar atento às novas tecnologias e novos dispositivos para desenvolver e apresentar conteúdo de forma que atraia o interesse dos estudantes. Utilizar ferramentas de som e imagem nas aulas é importante.
- Estar atento às atualidades locais, nacionais e internacionais, uma vez que os alunos passam a ser mais informados e questionar com mais frequência os professores.
- Continuar desenvolvendo metodologias, currículo, avaliação, planejamento, fundamentos teóricos etc, mesmo após a graduação, de forma a se diferenciar no mercado.
- Desejável ter uma visão mais atenta ao mundo corporativo, com conhecimentos de gestão e recursos humanos, e exercício de competências comportamentais como proatividade e busca por inovação.
- Não custa lembrar que gostar de lidar com o público, em particular as crianças, é um pré-requisito que não muda com o avanço tecnológico.
Fontes: Bettina Steren dos Santos, professora do curso de Pedagogia da Escola de Humanidades da PUCRS, e Rose Russowski, diretora da consultoria Lee Hecht Harrison na região Sul