O relato da professora de Língua Portuguesa Marcia de Lourdes Friggi, agredida por um aluno em Indaial, acumula 380 mil compartilhamentos e 4 mil comentários até 20h desta terça-feira. Mas, ao contrário do que era de se esperar, nem todos são de apoio à profissional. Apesar de protestos favoráveis à educadora – professores inclusive se reuniram na tarde desta terça-feira em Indaial – muitas mensagens são manifestações de ódio, conforme desabafou Marcia nas redes sociais.
Em uma postagem, a professora diz que é "imensamente grata às milhares de mensagens de apoio e carinho. Da mesma forma, não posso me calar diante das manifestações de ódio que estou sendo alvo. O ódio não irá me calar, só fortalece a certeza que sempre estive do lado certo".
A profissional reforça que continuará lutando por um mundo melhor, livre do racismo, preconceito, machismo e misoginia. Diante dos ataques – muitos comentários a acusaram de ter feito elogios à ovada contra o deputado federal Jair Bolsonaro e, por isso, ser merecedora da agressão – a professora não permite mais comentários em suas postagens.
Para Celso Figueiredo, doutor em Comunicação e Semiótica e professor de mídias sociais da Universidade Presbiteriana Mackenzie, atualmente são comuns essas manifestações de ódio:
– Na sociedade polarizada, com coxinhas versus mortadelas, qualquer exagero para um lado recebe muitas curtidas. Além disso, as pessoas quando são mediadas por telas, se sentem protegidas. As pessoas ficariam constrangidas de falar cara a cara essas barbaridades. Então essa situação permite que o lado mais terrível de cada um de nós apareça.
O especialista acrescenta que com a escalada de violência nas redes sociais, as pessoas que são mais sensatas tendem a se retirar do embate, porque não estão dispostas a serem agredidas.
– Ao que parece pelos comentários, uma professora que defende a esquerda acabou recebendo todo ódio que hoje existe por essa linha ideológica no momento em que ela é vítima, o que é terrível – resume.
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