O Diretório da Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) será comandado por um grupo com orientação política de esquerda. Na eleição deste sábado (6), em Porto Alegre, a "Chapa 4 - Pra Mudar", oposição, obteve cerca de 1,2 mil votos, superando a "Chapa 1 - Ainda Há Tempo", que esteve à frente do DCE por dois anos. Segundo a Comissão Eleitoral, o resultado completo será divulgado na segunda-feira. A chapa vencedora assumirá o DCE por um ano a partir de quarta.
A eleição teve a volta das urnas de pano e cédulas de papel – nos anos anteriores, desde 2010, o processo era feito através de urnas eletrônicas oferecidas pela reitoria, que não concedeu o sistema neste ano.
Entre as propostas feitas pela chapa 4, estão a ampliação dos horários e funcionamento dos RU'S, o fortalecimento e ampliação da política de moradia estudantil, a possibilidade de se ter uma creche no campus para atender filhos de mães e pais estudantes. Além da transversalidade das cotas, da política de reajuste das bolsas e a consolidação de um comitê contra intolerância e discriminação.
– Nós construímos a campanha ao longo das últimas semanas e conseguimos estar presentes em todos os campi da universidade, inclusive o Litoral. Na última gestão, o DCE ficou distante da realidade e do cotidiano dos alunos. Se afastou dos debates de segurança em torno da universidade e sobre reformas como a PEC 55 e as reformas da previdência e trabalhista – ressalta Airton Silva, estudante de História e integrante da chapa 4.
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Conforme Airton, após a posse, a chapa planeja um seminário de gestão para debater com os alunos para atender suas necessidades.
De acordo com Júlio Câmara, um dos integrantes da chapa 1, o sistema de votação resultou num processo confuso e com baixa participação dos estudantes. Ele acredita que, com a vitória da oposição, o DCE volte a ser uma extensão da reitoria:
–Em meio a dificuldade do processo, lamentavelmente, a falta de uma unidade das esquerdas, abriu espaço para quem se dizia nem esquerda e nem direita, e que fez aliança com a reitoria colocando em risco os direitos dos estudantes nesse período de ataques contra a educação pública.
Airton discordou da alegação sobre a aliança da chapa com a reitoria:
– A gente acha que nesse momento o diálogo é muito importante, o que não configura uma aliança. A nossa chapa é muito ampla. Temos integrantes que fizeram campanhas para os três candidatos a reitor no ano passado.
Júlio ainda destaca uma conquista obtida em 2016:
– Tivemos vitórias importantes, como a rematrícula de 150 colegas cotistas que foram expulsos da UFRGS porque a universidade disse que não tinha condições de avaliar e aprovar a documentação e a conquista de usar o TRI escolar nos domingos e feriados.