Existente em 106 escolas estaduais do Rio Grande do Sul, o curso de magistério no ensino médio vem apresentando queda gradativa de inscritos ao longo da última década. Entre os motivos alegados pelas instituições para a baixa procura estão os quatro anos para conclusão do curso, que exige estágio final e leva os estudantes a desistirem da formação ainda no primeiro ano. Os números negativos ano a ano surgem também entre os profissionais com esta formação atuando nas redes municipal e estadual de ensino do Estado, segundo levantamento do CultivEduca, da Ufrgs. Apesar da atual realidade de quem opta pelo curso, há quem acredite que a caminhada rumo à docência inicia ainda no magistério, como os personagens das quatro histórias apresentadas nesta reportagem que presta homenagem a todos os professores.
Os olhos ganham brilho e as vozes se tornam ainda mais firmes quando Ana Maria Silveira Marques, 18 anos, e Luciana Cardoso, 38 anos, ambas de Alvorada, reforçam a decisão tomada ainda na infância de serem professoras. Apesar da distância de duas décadas que as separa, as duas são alunas do terceiro ano de Magistério na Escola Estadual 1º de Maio, em Porto Alegre, e fazem parte de um grupo cada vez menor de estudantes que escolhem seguir a carreira docente ainda no ensino médio e continuam nas redes municipal e estadual depois da conclusão do Magistério.
Segundo dados da Secretaria de Educação, nos últimos dez anos houve uma queda de quase 40% no número de interessados nas vagas disponíveis nas 106 escolas estaduais que oferecem o curso de magistério/normal no Rio Grande do Sul. Quatro destas instituições estão em Porto Alegre: Instituto Estadual de Educação General Flores da Cunha, Escola Estadual Normal 1º de Maio, Instituto Estadual Dom Diogo de Souza e Colégio Estadual Eng. Ildo Meneghetti.
À míngua
Em 2008, eram 10.031 matriculados no curso normal. Neste ano, foram 6.306 inscritos. A queda de matriculados é percebida na escola onde Ana Maria e Luciana estudam. Se em 2011, 350 alunos estavam no magistério – neste ano, são 250. A realidade não é diferente na escola mais antiga do Estado a oferecer o curso, o Instituto Estadual de Educação General Flores da Cunha. Até 2002, eram criadas duas turmas anualmente, com uma prova classificatória que envolvia mais de 500 candidatos a 70 vagas. Hoje, apenas uma turma de 30 alunos foi formada no primeiro ano. Destes, nove já desistiram nos primeiros seis meses. Nos anos seguintes, a situação está ainda pior. São duas alunas no segundo ano, nove no terceiro e seis no estágio final.
– Os alunos chegam pensando que será fácil, mas é um dos cursos que mais exige dedicação dentro e fora de sala de aula. E ainda tem o estágio final de seis meses, depois dos três anos de aulas – esclarece o vice-diretor da Flores da Cunha, Marcus Fraga.
Educação
Estudantes do curso de magistério contam por que querem ser professores
Curso teve queda de quase 40% nas matrículas nas escolas estaduais, desde 2008
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