Ele não quis o canudo, mas ajuda quem o quer
Não era nada pessoal. Mas a faculdade de Design não correspondia às expectativas que Alex Saueressig, 29 anos, alimentava sobre o ensino. É que, curioso, ele nunca tinha projetado seu futuro atuando em um única área:
- Sempre gostei de estudar, e achei que a graduação seria o caminho natural. Mas nunca tive interesse em me aprofundar em uma coisa só. Sou mais generalista.
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Autodidata, o jovem natural de Não-Me-Toque trabalhou na área de tecnologia da informação enquanto, longe da universidade, alimentava o sonho de abrir o próprio negócio. Surgiu a oportunidade de o garoto sem graduação ajudar outros a conseguirem um lugar na universidade.
Um amigo propôs que criassem um cursinho preparatório para o Enem, baseado em videoaulas e numa linguagem bem-humorada. Fizeram parcerias com professores e, em 2013, foi ao ar a primeira aula do Mundo Edu.
- Criei o site com o conhecimento que eu tinha de TI, mas hoje o volume de trabalho é grande, e já estou terceirizando algumas coisas.
O investimento inicial, de pouco mais de R$ 100 mil, ainda está sendo pago, mas as contas ele já paga com o dinheiro dos alunos.
Para mostrar que o método "sem tédio" de ensino funciona, ele faz o Enem anualmente desde que criou o cursinho. Em 2015, foi aprovado para Administração na UFRGS. Mas, com a mudança da sede da empresa para Santa Maria, não cursou. Neste ano, passou em Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), com ingresso por meio do Sisu. Agora, pretende voltar à sala de aula. Mas não por motivos profissionais.
- É só para adquirir conhecimento mesmo. Sempre gostei de pesquisar, de buscar informação na internet. O importante para ter sucesso, com ou sem faculdade, é encontrar a forma que faz você aprender melhor - avalia.
Experiência rendeu indicação de Guilherme ao cargo de gerente de projetos digitais
Foto: Adriana Franciosi / Agência RBS
Conhecimento em TI e portas abertas em multinacional
Foi a necessidade que lançou Guilherme Cardoso, 30 anos, ao mercado de trabalho. Aos 20 anos e com a então companheira grávida, ele viu os conhecimentos adquiridos por "diversão" na área de tecnologia da informação virarem um trunfo para o primeiro passo.
- Aprendi por minha conta a desenvolver linguagens que o mercado precisava. Mais tarde, fui buscar uma especialização, com um curso rápido - lembra Guilherme, que aprendeu muito em fóruns virtuais.
Guilherme já atuou nas áreas de programação, desenvolvimento de jogos e teve um negócio próprio, que acabou absorvido por uma empresa maior. A experiência contou para a indicação recente a um cargo de gestão: há dois meses, ele é gerente de projetos digitais de uma multinacional sediada em Londres. Trabalha em Porto Alegre. Agora do lado que contrata, sabe que ausência de diploma e interesse em aprender não são excludentes:
- Já contratei pessoas que não tinham canudo e eram ótimas desenvolvedoras. É importante gostar do que faz, ser confiante, ter vontade de aprender e saber trabalhar com outras pessoas.
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