Foto: Luciano Queiroz/ArtBio Divulgação
A imagem acima pode parecer uma arte abstrata, pincelada a tinta por um pintor contemporâneo, mas não é. Trata-se de pura física: é uma das etapas, analisada em microscópio, de um processo de soldagem por atrito, desenvolvido no Laboratório de Metalurgia Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Aumentadas em 200 vezes, as microestruturas compostas por metais como ferrita e austenita se transformaram em duas obras de arte. Junto a outras 58 fotografias científicas, as imagens captadas pelo engenheiro metalurgista Thomas Padilha integram a exposição virtual ArtBio, uma iniciativa da produtora Raio-X-Cult.
- Todos os anos os pesquisadores brasileiros produzem imagens fascinantes que acabam ficando restritas aos seus ambientes de produção e não chegam ao público - afirma o relações públicas da produtora, Igor Fonseca.
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Conectar cientistas e sociedade é, segundo ele, o objetivo primordial da exposição. Entre mais de 600 inscritos, foram selecionados os 10% mais adequados aos critérios apelo estético, proficiência técnica e conteúdo informativo.
Por exemplo: as células de um tumor na meninge, membrana que reveste o Sistema Nervoso Central, fotografadas no microscópio, viraram uma obra chamada Jardins Asiáticos, de autoria do neuropatologista Luciano Queiroz, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
Foto: Cláudia Nogueira/ArtBio Divulgação
Já a face interna de um bambu gigante, material utilizado no Núcleo de Apoio à Pesquisa em Microscopia Eletrônica Aplicada à Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), gerou uma imagem extravagante - cujas estruturas, interpretam os mais criativos, chegam a parecer rostos de palhaços.
As fotografias incluem várias áreas da ciência: física, medicina, botânica, zoologia, química, genética e até música.
No caso das imagens feitas na UFRGS, nem se imaginava, em princípio, que fossem ser consideradas arte. O objetivo do ensaio era compor uma série de fotografias para estudar a influência dos parâmetros de soldagem na estrutura dos materiais.
- Com isso também buscamos desenvolver conhecimento de engenharia nacional para aplicações na exploração de petróleo em situação de alta solicitação, como o pré-sal - explica o mestrando.
A produtora afirma que está nos planos promover um circuito de exposições presenciais. O cronograma, porém, ainda não foi definido.