Rafael Irigoyen é um físico afortunado. No próximo domingo, ele viaja para Portugal, e de terras lusas o professor do Ensino Médio, que dá aulas nos colégios Pastor Dohms e Salvador, parte rumo ao Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra, na fronteira entre a França e a Suíça. Bem, e daí? E daí que o CERN abriga uma máquina capaz de simular o nascimento do universo.
O Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) é o maior e mais caro equipamento científico já construído. Foi nesse túnel subterrâneo de 27 km de circunferência que os cientistas do CERN encontraram, em julho do ano passado, o Bóson de Higgs, partícula que ajuda a explicar como a matéria adquiriu massa. Para quem acha que isso é coisa muito pequena perto desta grande vida que levamos, talvez caia melhor outra referência: a World Wide Web foi inventada no CERN em 1989 para facilitar o compartilhamento de pesquisas. Está navegando na internet? Agradeça ao Bóson de Higgs e a caras como Rafael, que estudam as miudezas do mundo.
- A mecânica quântica é um campo muito amplo e pouco explorado na faculdade (no curso de licenciatura). Há diversas perguntas que me faço em relação à dinâmica de partículas - afirma Rafael, citando como exemplo a antimatéria, que teria aparecido logo depois do Big Bang em quantidade igual à da matéria que conhecemos - Por que uma prevaleceu sobre a outra? - ele pergunta, fazendo eco a um dos mistérios que a ciência tenta responder com o LHC.
O professor não achou nenhum bilhete premiado para entrar no CERN. Rafael viaja porque a Sociedade Brasileira de Física o selecionou, junto a outros 29 professores de Ensino Médio, para um curso de uma semana no centro de pesquisas. A chance ancorou em terras brasileiras vinda de Portugal, que participa do consórcio de países que gere o CERN e abriu espaço para professores de todos os países lusófonos.
Rafael se juntou ao biólogo e também professor Igor Nornberg para criar o canal de Youtube "A Torre" (confira o vídeo em que eles explicam o acelerador de partículas), que tem como objetivo a divulgação científica. Ele vai ficar na Suíça até o dia 7 de setembro e, durante a estadia, promete publicar atualizações sobre o curso e as descobertas que fizer por lá - por menores que elas sejam.