A rede de ensino de Porto Alegre registrou 571 pedidos de transferências de estudantes matriculados nas 14 escolas municipais atingidas pela enchente. O número representa 14% dos 4.175 alunos que iniciaram o ano nessas instituições.
Os dados foram levantados pela equipe de Dados e Censo Escolar da Secretaria Municipal de Educação (Smed), e dizem respeito a solicitações feitas entre o final de maio e o início de setembro. Mais da metade das transferências (322) foram de escolas no bairro Sarandi, onde estão duas das maiores instituições da rede: a Liberato Salzano Vieira da Cunha e a João Belchior Marques Goulart. Em segundo lugar, estão 99 pedidos para sair de estabelecimentos localizados no bairro Humaitá.
Dos 571 pedidos de transferência, 105 foram para outras escolas municipais da Capital, 109 para escolas conveniadas com a rede municipal, 160 para escolas estaduais e 19 para privadas localizadas em Porto Alegre. Além disso, 178 alunos pediram transferência para escolas em outros municípios. Já em relação a etapa escolar dos alunos, o relatório aponta que 47 são da etapa creche, 154 da pré-escola, 364 do Ensino Fundamental e 6 da Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Segundo o secretário municipal de Educação, Maurício Cunha, uma das principais ações relacionadas à enchente foi voltada para a busca ativa dos alunos e servidores atingidos, monitoramento que segue ocorrendo.
— As transferências destes alunos foram priorizadas pelas nossas equipes, que acompanharam a movimentação deles para outros territórios e agora monitoram o retorno para suas comunidades, o que vem ocorrendo com frequência — destaca o secretário.
A maior da rede
Maior escola municipal de Porto Alegre, a Liberato foi uma das primeiras instituições da rede a ter a limpeza de suas estruturas iniciada. A faxina, contudo, não foi suficiente: o estabelecimento de ensino necessitou de reformas, começadas na semana passada e custeadas pela Gerdau e a Ambev.
Enquanto isso, as atividades letivas estão acontecendo em dois espaços: na sede do Clube Comercial Sarandi e na Casa Paroquial da Igreja São José, com aulas três vezes por semana, com duração de três horas, além da Educação Física. A opção da direção foi por dividir a escola, mas manter as atividades o mais próximo possível, para que não houvesse uma perda de vínculo.
— Muitos dos nossos alunos perderam as suas casas, que são suas referências. O que eu não gostaria é que também essa outra referência, da escola, fosse para um lugar mais distante quando eles voltassem — explica a diretora da Liberato, Rochele Soares Pedreira.
A gestora pondera que o número grande de pedidos de transferência se deve ao fato de a instituição ter muitos alunos. Mesmo assim, ressalta que muitos já pediram para voltar para lá.
— Os pais, quando saíram daqui, viram aquela demora para a água baixar e a destruição das casas e achavam que demorariam muito mais para voltar, por isso, pensaram que teriam que matricular o filho em outro lugar, mas alguns nós já recebemos de volta. Também recebemos alguns alunos novos: os pais viram que ficamos sempre dando apoio às famílias e quiseram matricular — acrescenta Rochele.
Conforme a diretora, são poucos os estudantes que ainda não conseguiram retornar às aulas, e são menos numerosos ainda aqueles com quem não se conseguiu contato até então.