Em seu segundo ano de implementação, o Novo Ensino Médio terá, em 2023, o seu principal desafio: iniciar a oferta da parte flexível do currículo, na qual os estudantes poderão escolher entre duas ou mais áreas para aprofundarem seus conhecimentos. Os alunos fizeram suas opções ainda em 2022, na hora da matrícula.
Na rede estadual de ensino, há 28 trilhas de aprendizagem possíveis. Elas estão vinculadas a cinco grandes áreas: Ciências Humanas Sociais Aplicadas, Formação Técnica e Profissional, Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Linguagens e suas Tecnologias.
Cada escola precisa ministrar pelo menos duas trilhas. Uma das preocupações entre especialistas em Educação, no que se refere ao Novo Ensino Médio, é com a oferta restrita nos municípios pequenos, onde, muitas vezes, há apenas uma escola com a etapa de ensino. Na cidade gaúcha de André da Rocha, por exemplo — que possui a menor população do RS, com 1.129 habitantes, segundo a prévia do Censo Demográfico de 2022 — os estudantes da Escola Amantino Vieira Hoffmann puderam escolher entre duas trilhas de aprofundamento: Educação Financeira e Linguagens Aplicadas ou Vida, Cidadania e Relações Interpessoais.
Em 2022, os alunos que ingressaram no 1º ano do Ensino Médio da rede estadual encontraram um currículo semelhante aos seus colegas que cursaram a série em 2021 ou antes. A diferença estava no fato de haver três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura e Tecnologias Digitais, cada uma com dois períodos semanais.
A mudança maior ocorrerá a partir deste ano letivo, quando os estudantes iniciam o 2º ano com oito de seus 30 períodos semanais usados para os itinerários formativos, compostos por essas novas disciplinas e pelas aulas das áreas de aprofundamento que eles escolheram. No 3º ano do Ensino Médio, em 2025, as turmas terão 18 de seus 30 períodos ocupados pelos itinerários formativos.
Outra alteração está na forma de avaliação das disciplinas implementadas com a reforma do Ensino Médio. Em portaria publicada no dia 30 de dezembro, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) estabeleceu que, em vez de notas de zero a 10, a expressão dos resultados dos estudantes se dará por meio de parecer descritivo emitido pelos professores. Isso se aplica às aulas de Projeto de Vida, Protagonismo Juvenil, Estudos Orientados e às disciplinas eletivas.
Reforma no Ensino Médio
A “arquitetura” do currículo do Novo Ensino Médio varia em cada rede, uma vez que, para além das diretrizes mínimas, há flexibilidade de escolhas nas escolas. Em sua essência, a etapa é dividida em duas partes: a Formação Geral Básica (FGB), que são as disciplinas obrigatórias comuns a todos os alunos, e os Itinerários Formativos (IFs), que são os períodos nos quais o estudante escolhe entre duas ou mais opções de áreas de conhecimento para se aprofundar.
Na rede estadual do Rio Grande do Sul, os alunos que ingressarão no 2º ano do Ensino Médio em 2023 já escolheram, na hora da matrícula, entre uma das trilhas de aprendizagem possíveis em sua escola de preferência. Essas trilhas envolverão disciplinas oferecidas no 2º e no 3º ano.
No novo currículo, os alunos do 1º ano têm 800 horas, de mil, compostas por disciplinas da FGB, e em 200 são ministradas três novas disciplinas: Projeto de Vida, Mundo do Trabalho e Cultura Digital. Já as turmas de 2º ano têm 600 horas de FGB, aumentando, assim, para 400 horas de IF, sendo 67 horas delas obrigatoriamente de Projeto de Vida e o restante de Aprofundamento Curricular – aquelas disciplinas que cada estudante escolherá.
No 3º ano, a ser implementado em 2024, a situação se inverte: será mais tempo de IF (600 horas), sendo 67 horas de Projeto de Vida, e menos de FGB (400 horas). O entendimento é de que quanto mais o aluno se aproxima da formatura, mais consciente ele está de qual área de atuação quer seguir.