Previsto para ocorrer no dia 25 de outubro, o retorno gradativo das atividades presenciais no Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) foi adiado e deve começar no dia 3 de novembro. A instituição, que atende 609 alunos de Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos, é a única escola pública de Porto Alegre que ainda não retomou a presencialidade.
Nesta terça-feira (19), uma nota publicada no site do Aplicação gerou descontentamento entre os familiares de alunos associados à Comunidade de Pais e Mestres (Copame). O texto informava que a necessidade de realizar um treinamento com os servidores da escola antes do retorno impediria a retomada no dia 25 de outubro, mas que uma nova data seria informada em breve. A direção da Copame lançou, então, um comunicado lamentando o adiamento e demandando que uma nova data fosse divulgada imediatamente.
Procurada pela reportagem de GZH, a direção do Colégio de Aplicação acenou com a previsão de reinício das aulas presenciais na semana seguinte. Como o calendário letivo da instituição prevê feriados para segunda e terça-feira, dias 1º e 2 de novembro, o retorno deverá ocorrer na quarta (3).
— Temos alguns impeditivos que talvez nos impossibilitem de cumprir com o retorno no dia 25, mas não passarão muitos dias mais porque tudo está devidamente encaminhado e, mais importante, a comunidade escolar está consciente da necessidade de retornar da forma mais breve possível — destaca o diretor da escola, Rafael Brandão.
A principal pendência é a realização de um treinamento de biossegurança para todos os mais de 150 servidores da instituição, orientando sobre todos os protocolos sanitários. Quem fará a capacitação serão médicos vinculados à UFRGS que, por questão de agenda, só poderão ministrar as aulas nos dias 22, 27 e 29 de outubro.
Todos os professores e funcionários do Aplicação também terão de realizar testes PCR antes da retomada e, segundo Brandão, o Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) da universidade, responsável por fazer os exames, só poderá fazer as coletas na segunda (25) e na terça-feira (26). Depois, ainda é necessário aguardar o resultado dos testes. Enquanto isso, o plano de contingência para prevenção à covid-19 da escola está sendo concluído – a previsão é terminar nesta quarta-feira (20) – e submetido ao Comitê Covid da UFRGS.
O diretor do Aplicação diz que entende a ansiedade dos pais, mas destaca que o retorno está sendo feito de forma mais lenta para que não seja “caótico”, como em outras escolas públicas.
— Tudo o que temos feito aqui, de treinamento, testagem, as outras escolas não estão fazendo. Estamos voltando depois, mas estamos fazendo tudo conforme preconiza a UFRGS, o município e o Estado. Podem nos acusar de tudo, mas não de estarmos sendo irresponsáveis e nem de não estarmos dando aula para nossos estudantes, porque estamos e estamos fazendo coisas muito legais — salienta Brandão.
Presidente da Copame e mãe de três alunos do Aplicação, Elisa Corrêa Isquierdo relata que o maior descontentamento das famílias é com a falta de comunicação da escola.
— Só nos comunicaram que o início será adiado e não nos passaram uma data. Isso gera frustração. Tem pais que disseram que os filhos estão com a mochila pronta, as crianças numa ansiedade, sentindo que não estão aprendendo nada com as aulas remotas — cita Elisa.
Algumas famílias de alunos da instituição, entre elas a de Elisa, procuraram o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) para manifestar a contrariedade com a interrupção prolongada das atividades escolares presenciais. A promotora regional da Educação de Porto Alegre, Ana Cristina Ferrareze, reuniu-se três vezes com as mães e uma com a direção da escola, mas como o Aplicação é de responsabilidade federal, visto que é vinculado à UFRGS, o caso seguirá sendo acompanhado pelo Ministério Público Federal (MPF), que, por enquanto, ainda não entrou em contato com as partes.