Programada para 24 de novembro, a Black Friday deverá registrar movimento superior à data do ano passado e descontos mais robustos, de acordo com estimativas de entidades que representam o setor do comércio no Estado. Uma pesquisa do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Porto Alegre (Sindilojas) projeta um aumento de 13% no valor médio das compras a serem realizadas neste mês em relação ao evento anterior — com uma expectativa de gasto de R$ 1.315 por aquisição.
O acúmulo de estoques e o controle da inflação deverá estimular também uma estratégia mais agressiva de redução de preços, segundo avaliação da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS).
— O aumento no tíquete médio fica bem acima da inflação, o que é muito significativo e traz otimismo ao setor. Em outras datas importantes deste ano, como o Dia das Crianças, tivemos uma sucessão de dias chuvosos, o que nos atrapalhou bastante. É possível que quem deixou de comprar nestes períodos faça isso agora, além da possibilidade das compras antecipadas de Natal — analisa o presidente do Sindilojas, Arcione Piva.
O levantamento feito pelo sindicato lojista indica ainda que perto da metade dos entrevistados (48,4%) pretende adquirir produtos com a promessa de descontos que caracteriza a Black Friday.
Os itens que concentram em maior grau a intenção de compra dos clientes na Capital são eletrodomésticos (30%), roupas (22%), calçados (17%), eletrônicos (15%) e móveis ou estofados (11%).
A Fecomércio-RS não faz projeções numéricas de vendas para a Black Friday, mas manifesta uma expectativa positiva, "com vendas maiores do que no ano passado". Segundo avaliação oficial da entidade, "2022 foi marcado por uma eleição muito polarizada, que aumentou muito a incerteza na economia e, com isso, a cautela do consumidor". A Copa do Mundo também disputou os recursos e a atenção do consumidor.
Já em 2023 "os preços estão se comportando melhor, a renda e o emprego aumentaram", conforme o relatório da federação comercial. Além disso, a análise aponta que estoques em níveis elevados abrem espaço para "estratégias mais agressivas de ofertas, o que pode estimular o interesse do consumidor".
— Temos uma inflação mais comportada do que ano passado e níveis de estoque elevados nas empresas, o que favorece essa estratégia mais agressiva nos preços. Acreditamos que temos condicionantes que favorecem essa Black Friday em relação à do ano passado, que foi ruim — complementa Patrícia Palermo, economista-chefe da Fecomércio-RS.
Em um levantamento realizado apenas com quem declarou que pretende fazer compras de Natal, a Fecomércio-RS apurou que 61% desses entrevistados pretende utilizar a Black Friday para esse fim. O meio preferido para consumir muda entre a Capital e a média geral do Estado: enquanto a pesquisa do Sindilojas indica que 45% dos clientes pretendem fechar negócio pela internet e 42,6% na loja, no estudo de âmbito regional da federação as lojas centrais aparecem com a preferência de dois terços de quem foi pesquisado, contra 26,5% do e-commerce.
A Fecomércio-RS observa ainda que, para os comerciantes de menor porte que desejam fazer parte do dia promocional, é fundamental seguir três diretrizes: comunicar claramente a seus clientes que vão aderir à data, formar estoques capazes de dar conta da demanda e adotar uma estratégia agressiva de preços para atrair os consumidores.