O Comitê de Estabilidade Financeira (Comef) do Banco Central brasileiro destacou na ata da última reunião que está acompanhando os desdobramentos do conflito entre Rússia e Ucrânia e seus efeitos sobre o mercado global, mas destacou que os bancos brasileiros têm uma baixa exposição internacional. No dia 24 de fevereiro, o Comef decidiu manter o Adicional Contracíclico de Capital Principal relativo ao Brasil (ACCPBrasil) em 0%.
"O Comitê está atento à evolução do cenário internacional e segue preparado para atuar, minimizando eventual contaminação desproporcional sobre os preços dos ativos locais, em particular pelo canal do mercado de câmbio", enfatizou o BC, no documento divulgado nesta segunda-feira (7).
O Comef avaliou que o recrudescimento de tensões geopolíticas aumenta a incerteza acerca do cenário prospectivo da economia mundial. "As condições financeiras globais ficaram mais restritivas. A materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros globais devido ao aperto monetário e riscos geopolíticos pode levar a impacto significante sobre economias emergentes", alertou o BC.
No entanto, o colegiado considerou que a exposição do Sistema Financeiro Nacional (SFN) aos efeitos das tensões internacionais é baixa devido à reduzida exposição cambial e a baixa dependência de funding externo pelos bancos brasileiros.
Conflito
O BC destacou que o conflito no Leste Europeu levou à perda de valor das ações de bancos desses países, inclusive de instituições sistemicamente importantes em nível global (GSIB).
"O Comef segue acompanhando de perto os desdobramentos nos mercado financeiros e de capitais e, até o momento, os indicadores prudenciais dessas instituições apontam para níveis de capital acima do mínimo requerido", acrescentou a ata.
Ainda assim, o Comef repetiu que o sistema financeiro das principais economias segue resiliente, com níveis de capital e liquidez robusto.
Além disso, simulações do próprio BC e os testes de estresse realizados por outros bancos centrais indicam que o sistema financeiro global permanece preparado para suportar choques adicionais.
Remoção de estímulos e riscos a emergentes
O Comef do Banco Central destaca que a remoção mais rápida de estímulos monetários em países centrais pode ter impacto significativo para as economias emergentes. "As condições financeiras globais estão mais restritivas desde a última reunião do Comef. A sinalização de que a remoção dos estímulos monetários em países centrais poderá ocorrer em maior velocidade ou intensidade provocou reprecificação relevante de alguns ativos e aumentou os custos de financiamento nos mercados globais", afirma o colegiado, na ata publicada nesta segunda-feira.
O BC acrescentou que a política macroprudencial segue em processo de normalização em diversos países, alguns já com os 'buffers' contracíclicos de capital acima dos níveis pré-pandemia devido a vulnerabilidades observadas no setor imobiliário.
"A materialização de cenários extremos de reprecificação de ativos financeiros no mercado global pode levar a impacto significante sobre as economias emergentes. A normalização das políticas monetárias e macroprudenciais nesses países e a transparência na condução da política monetária nas principais economias avançadas contribuem para mitigar esse risco", completa o documento.