O ano começa com 10 dos 13 produtos que compõem a cesta básica ficando mais caros, em Porto Alegre. Somente leite, óleo de soja e manteiga apresentaram recuo de preço no indicador divulgado nesta semana pelo Departamento Intersindical de Estudos Socioeconômicos (Dieese). A maior alta ficou por conta da batata, com aumento de 9,28%.
Os dados são referentes ao mês de janeiro e, por isso, trazem a primeira impressão sobre os alimentos mais comuns na mesa dos brasileiros. Depois da batata, o segundo produto com maior alta foi outra presença frequente no dia a dia das famílias: a banana — com um acréscimo de 6,72% na comparação entre dezembro e janeiro.
Na soma dos itens, a cesta básica em Porto Alegre ficou 1,72% mais cara em janeiro, chegando ao valor de R$ 626,25 — o que representa 61,55% do salário mínimo atual, que está em R$ 1.100. No acumulado dos últimos 12 meses, o conjunto de produtos apresenta uma alta de 24,51%. No mesmo período, a inflação no país foi de 4,56%, cerca de cinco vezes menos, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Pelos dados do Dieese, que levanta preços em 17 capitais brasileiras, a cesta básica de Porto Alegre é a quarta mais cara do país, ficando atrás de São Paulo (R$ 654,15), Florianópolis (R$ 651,37) e Rio de Janeiro (R$ 644).
Acumulado
Na esteira da alta de preços, além de batata e banana, ainda aparecem carne, feijão, arroz, farinha, tomate, pão, café e açúcar. Todos tiveram elevação de preço inferior ao 10%, algo que foi bastante comum ao longo de 2020, com itens que mantiveram alta, mesmo que menor, neste primeiro mês do ano.
Dois exemplos que ficaram bem marcados pelas altas são itens essenciais da cozinhas: arroz e óleo. Com a demanda no mercado interna aquecida pelo auxílio emergencial e no mercado externo pela necessidade de exportação, os produtos saltaram de patamar no ano passado. Mas começaram 2021 em ondas diferentes. O levantamento do Dieese desta semana mostra que enquanto o arroz subiu 6,51%, o óleo de soja caiu -3,03%, em janeiro.
No acumulado dos últimos 12 meses, junto com a batata, os dois itens somam encarecimento superior aos 90% — o arroz subiu 94,24% e o óleo, 107,58%. Os 13 itens da cesta básica apresentam alta no cumulado de um ano. Quem menos subiu de preço nos últimos 12 foi o café, que ficou 5,83% mais caro.
Razões
Conforme a economista do Dieese, Daniela Sandi, a alta do preço da batata está ligada com uma restrição maior na oferta do produto. Isso foi causado pela entressafra e também por problemas climáticos na época de colheita, fatos que contribuem para o acréscimo nos valores do alimento.
Em relação aos itens de suma importância, como o arroz, que tem uma alta acumulada muito elevada, Daniela explica ser difícil traçar perspectivas para o longo do ano, pois a alimentação básica atingiu outro patamar, bem mais elevado, em razão dos preços que subiram ao longo de 2020. E ainda há a influência do mercado externo:
— Se de lado o dólar deu uma estabilizada, de outro, a demanda da China e as exportações seguem aquecidas. Assim, mesmo que ocorra uma desaceleração nas altas dos preços ou reduções, os alimentos básicos atingiram outro patamar, o que impacta sobremaneira a população de menor renda, dado o peso do gasto com alimentação no orçamento dessas famílias.
IBGE divulga inflação de alimentos
Além da cesta básica do Dieese, ontem o IBGE também divulgou seu levantamento do do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que calcula a inflação. E o setor de alimentos e bebidas, um dos segmentos com maior peso no orçamento das famílias, teve um avanço de 0,65%. Os dados levam em conta a região metropolitana de Porto Alegre e se referem a janeiro.
Dos 80 itens que compõem o grupo de alimentação e bebidas e foram analisados, 56 tiveram aumento de preços no primeiro mês de 2021. Os três itens que mais subiram de preço, conforme o IBGE, foram cebola (15,72%), repolho (11,91%) e cheiro-verde (9,94%). Entre os três que mais baixaram de preço, aparecem laranja baía (-9,3%), morango (-4,96%) e salsicha (-3,43%).