Pilotos e comissários da Latam e da Gol, as duas maiores companhias aéreas do país, aprovaram nesta quinta-feira (26) propostas das empresas para redução de salários que, na prática, chega a até 80%. As medidas valem por três meses e foram apresentadas à categoria como alternativas às demissões em massa. O setor aéreo tem sofrido forte retração devido à pandemia do novo coronavírus.
As propostas foram votadas pelos empregados em ambiente virtual por três dias. A elaborada pela Latam recebeu o aval de 97% da categoria e a da Gol, 95%. As aéreas têm 21 mil e 17 mil funcionários, respectivamente, segundo o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA).
Nos últimos dias, o SNA buscava pressionar parlamentares a aprovarem emendas que liberassem o saque integral do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) aos profissionais do setor. O salário da categoria é composto por uma parcela fixa e uma remuneração variável, que depende do número de horas voadas.
A parcela fixa não pode ser menor do que o piso salarial dos trabalhadores da aviação. Hoje, o piso de pilotos é de R$ 9,4 mil, o de copilotos é R$ 4,9 mil e o de comissários, R$ 2.277. Pela proposta aprovada, a Gol vai reduzir a parcela fixa dos salários em 30% em abril, 40% em maio e 50% em junho, segundo Dutra. Na Latam, o corte da remuneração fixa seria de 50%, segundo a proposta da companhia, ainda de acordo com o sindicato. As duas empresas também lançaram programas de licenças não remuneradas para a categoria. Com a diminuição nos voos, o corte é ainda maior, segundo o sindicato.
— Como a oferta de voos caiu de maneira vertiginosa, o corte dos salários no somatório vai chegar a 80%. As propostas são importantes porque vão preservar os empregos, mas precisamos da liberação do FGTS para poder sobreviver à crise — diz Ondino Dutra, presidente do SNA.
A Azul, terceira maior empresa do setor, também formalizou uma proposta ao sindicato dos aeronautas de acordo coletivo que prevê a redução de 15% dos salários-base dos seus funcionários, mas o texto ainda não foi votado.
O sindicato quer, no entanto, que a Azul retire a proposta porque 9.500 de seus 14 mil funcionários já aderiram a licenças não remuneradas, o que permitiria à empresa mitigar os efeitos da redução de demanda por voos. A questão ainda está em negociação com a companhia, diz Dutra.