SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Quem cai no cheque especial pelo menos uma vez tende a voltar a usar a linha nos meses seguintes. O Banco Central apontou que, em 2018, quase 20% dos usuários do crédito, o mais caro do sistema financeiro, usaram o limite da conta-corrente todos os meses do ano.
Além disso, mais de 50% das pessoas que caíram no cheque especial usaram o crédito por pelo menos seis meses. Os dados fazem parte do Relatório de Economia Bancária do BC, divulgado anualmente.
Na média, a dívida no cheque especial era de R$ 1.310 em dezembro do ano passado, que gerava um gasto médio mensal de R$ 136.
O cheque especial é a linha mais cara do sistema financeiro nacional, com juro médio de 312,6% ao ano em 2018.
Apesar da queda da taxa Selic, a dívida de quem usa a linha ficou 5,9% mais cara em 12 meses.
O BC também mostrou que a maior fatia de usuários do cheque especial (44%) ganha até dois salários mínimos. Quando considerados os brasileiros que ganham até cinco salários, a fatia vai a 77,4%.
O Banco Central tentou encontrar uma relação entre uso do cheque especial e baixa escolaridade, apontando que o uso da linha se concentra entre os brasileiros com ensino médio completo (46,3%).
Entre as pessoas que usam o limite da conta-corrente, 12% tem a linha como a principal dívida. Apenas 7% tem como único crédito em aberto o cheque especial.
A inadimplência é uma das mais altas do sistema financeiro, superando 15,4%.
Para o BC, há espaço para a redução da taxa de juros da linha. Em um cálculo que considera custo do dinheiro, inadimplência e provisões para cobrir esses possíveis calotes, o órgão afirmou que "as taxas desse instrumento são elevadas".
Segundo BC, o cheque especial responde por menos de 1% de todos os empréstimos do sistema bancários, mas gera 10% da margem de juros (já descontada a provisão contra calotes) com empréstimos no sistema bancário.