Mercado de trabalho e salários mais enxutos e com menor participação de negros: esse é o panorama atual da Grande Porto Alegre, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que comparou dados entre 2011 e 2017. Divulgada nesta terça-feira (20), a pesquisa mostra cenário preocupante, em que a taxa de desemprego entre negros avançou de 8,5% em 2014 para 18,7% em 2017.
A queda no rendimento médio também se acentuou. Em 2011, um trabalhador negro obtinha R$ 1,6 mil. Em 2017, o montante passou para R$ 1,5 mil. Para a pesquisa, usou-se o critério de cor negra para referir-se a pretos e pardos, e cor não-negra para brancos e amarelos.
O levantamento também mostrou que, das 205 mil pessoas desempregadas na área, 20,6% são negras. Segundo Lucia Garcia, economista do Dieese e coordenadora da pesquisa, a região metropolitana da Capital tem o menor número de presença de negros na população economicamente ativa entre as localidades pesquisadas pelo Dieese, com 12,4% do total.
— Temos diminuição significativa no tamanho do mercado de trabalho como um todo, independentemente de cor ou sexo, mas também queda brusca de inserção dos negros, principalmente a partir de 2015. Hoje, 42 mil deles estão sem emprego na região – diz Lucia.
A partir do final de 2014, o país começou a registrar crise que afetou setores como a indústria petroleira, de gás, construção civil, atingindo inicialmente a população branca, que era a que estava melhor posicionada nestes segmentos. Com o aumento nas demissões de cargos altos e a redução no poder aquisitivo dos brancos, a população afetada a seguir foi a negra.
A taxa de desemprego entre a população não-negra subiu de 5,5%, em 2014, para 10,2%, em 2017. A queda no rendimento médio do trabalhador não-negro diminuiu de R$ 2,4 mil, em 2011, para R$ 2 mil, em 2017.