Duas boas notícias e uma má se misturam na dimensão longevidade e segurança do iRS. Entre os três pilares do índice – os outros são educação e padrão de vida –, é nesse o que o Rio Grande do Sul aparece com melhor desempenho na comparação com outras unidades da federação. O Estado é o terceiro no ranking graças à baixa taxa de mortalidade infantil e à queda dos casos fatais em acidentes de trânsito, mas os homicídios crescem e impedem desempenho melhor no indicador.
Os gaúchos têm a segunda menor taxa de mortalidade infantil do país. Os números de vítimas de acidentes nas vias do Estado caem há cinco anos consecutivos e, de 2014 para 2015, houve a maior redução da série histórica, iniciada em 2007. Fiscalização, aplicação mais célere de penalidades, uso de tecnologia e educação para o trânsito são algumas das razões da melhora dos resultados, aponta o Detran. Já a análise dos homicídios mostra o aumento da violência, na contramão da maior parte dos Estados.
– Estamos nos aproximando das taxas do Rio de Janeiro – constata o coordenador do curso de Economia da Escola de Negócios da PUCRS, Ely José de Mattos, líder da equipe que elabora o iRS.
Em 2015, ano referência para o índice, o Rio Grande do Sul teve 26 casos por 100 mil habitantes, enquanto o Rio registrou 28,9. No início da série, em 2007, a taxa gaúcha era 20,1 por mil e, a fluminense, o dobro. A Secretaria de Segurança Pública atribuiu o aumento dos homicídios em 2015 à impunidade e à entrada de entorpecentes e armamentos de outros países, com escalada na disputa de território por traficantes. Outro problema citado por especialistas é a redução do número de policiais.
Para o desembargador Francisco José Moesch, as soluções passam por reforma tributária que proporcione mais recursos para Estados e municípios.
– O presídio de Canoas era para estar aberto desde 2013, mas tem problemas de esgoto, de acesso, de falta de agentes penitenciários. A questão é que os recursos são escassos – diz Moesch, avaliando ainda que as dificuldades financeiras também se refletem na educação. Com maior qualidade, teria efeito na renda e na retenção de jovens, que assim não estariam à mercê do recrutamento de criminosos.
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Na mortalidade infantil, o Estado chegou à taxa de 10,1 casos a cada mil nascidos vivos, praticamente o recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Baixar desse patamar não depende mais de medidas como melhora dos sistemas de água e esgoto, vacina e alimentação. Grande parte dos óbitos, diz o secretário da Saúde, João Gabbardo dos Reis, ocorrem por complicações no parto que poderiam ser contornadas.
– Em hospitais de pequeno porte, para cada mil nascidos, morrem 60. Em hospitais como Clínicas, PUCRS, Santa Casa e Conceição, seis – compara o secretário, justificando a estratégia de concentrar partos em cidades maiores.
Para Mattos, políticas de segurança pública são essenciais para o Estado melhorar na dimensão longevidade e segurança, que tem São Paulo na liderança do ranking.