Mais parecia um dia de descontos da tradicional Black Friday em uma grande rede norte-americana, mas era somente o fechamento de dois supermercados da rede Nacional em Porto Alegre. Com filas espalhadas pelos corredores e sem qualquer carrinho de compras disponível, clientes lotaram as lojas da rede prestes a serem desativadas para aproveitar a queima de estoque e os prometidos descontos.
Dono da rede Nacional, o grupo Walmart decidiu colocar fim às atividades das unidades da Avenida Coronel Lucas de Oliveira, no Mont'Serrat, e da Avenida Wenceslau Escobar, na Tristeza. Não há a confirmação se as unidades encerram as atividades nesta segunda-feira ou se ainda abrirão as portas nesta terça.
Informalmente, funcionários disseram que a decisão está relacionada à limpa das prateleiras. Mas, se depender do movimento da manhã desta segunda, o fim está próximo. Nas lojas, muitas prateleiras que antes anunciavam produtos em promoção já estavam vazias nas primeiras horas do dia. De olho nos preços baixos, consumidores encheram caixas de papelão com as compras e deixaram os supermercados com o porta-mala lotado. Quem teve paciência, garante que arrematou grandes promoções
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– Valeu a pena mesmo vir de longe para cá – disse o funcionário público Nilson Oliveira da Rocha, 57 anos, que se deslocou do bairro Rubem Berta para aproveitar as promoções na unidade do Mont'Serrat.
Havia descontos que chegavam a 70%, e, conforme o dia avançava, os preços caíam ainda mais. Os clientes encontraram leite a R$ 1,98, chinelo Havaianas a R$ 5,98 e pacote de mortadela a R$ 1. Até mesmo os ovos de Páscoa estavam remarcados, e o quilo de algumas frutas e legumes não passava de R$ 0,90.
– Tinha bastante coisa com 50% de desconto, deu para aproveitar bastante – comemorou o aposentado Adão Antônio da Rosa, 58 anos.
Como em toda boa promoção, os caixas estavam lotados e clientes aguardaram mais de uma hora nas filas. Em dado momento, o portão da loja do Mont'Serrat chegou a ser fechado tamanho o movimento de carros no estacionamento. É claro que a confusão também pegou gente de surpresa.
– Casualmente, vim pegar três ou quatro itens e deparei com essa multidão. Estou aqui há mais de uma hora, e as filas estão quilométricas. Mas é aquela coisa. A gente reclama, mas, quando sente que vai perder, dói. Para mim e a maioria dos moradores, o Nacional é como a despensa da nossa casa, porque qualquer coisinha a gente corria aqui – disse a aposentada Maria da Glória Silva, 71 anos, que mora a uma quadra da loja do Mont'Serrat.
Com as desativações, já são quatro supermercados Nacional fechados somente neste ano em Porto Alegre. Em fevereiro, o funcionamento das unidades dos shoppings Iguatemi e Rua da Praia haviam sido encerradas, e, em 2015, o mesmo aconteceu com 10 lojas da rede no Estado.
Segundo o Walmart, as medidas fazem parte da estratégia, anunciada há dois anos, de encerrar atividades sem o retorno financeiro esperado no país. Em nota, a varejista disse que está investindo cerca de R$ 1 bilhão na transformação dos hipermercados no país nos próximos três anos e que foi oferecida a possibilidade de transferência para outras lojas aos funcionários da unidade. Pelo menos por enquanto, não há expectativa de novos fechamentos no Estado.