A fabricante de calçados Usaflex decidiu que vai construir duas fábricas de calçados no Rio Grande do Sul. Ambas ficarão no Vale do Sinos. Os municípios que receberão o investimento serão definidos nos próximos dias. Estão no topo da lista Parobé, Taquara e Igrejinha, onde fica a sede atualmente.
Cada fábrica empregará mil aproximadamente. O investimento na unidade pode variar entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões. CEO da Usaflex, Sérgio Bocayuva quer começar a operar já no fim de 2017 ou, no máximo, em 2018. Atualmente, a empresa tem sete unidades e 2,8 mil funcionários.
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A Usaflex recebeu forte aporte de capital quando parte foi vendida para um fundo de investimentos. Além do crescimento de produção industrial, pretende expandir com agressividade a atuação no varejo. Isso ocorrerá por meio de franquias. A ideia de Bocayuva é atingir 60 franquias em 2017. Atualmente, são 25. O número deve subir para 340 até 2022. O faturamento atual é de R$ 300 milhões por ano. Até 2022, quer alcançar R$ 740 milhões, em uma projeção conservadora.
Outra grife gaúcha, a Jorge Bischoff, que atua no varejo de sapatos, bolsas e acessórios, abriu nesta terça-feira uma loja em Miami, nos Estados Unidos, e comemorou com um brinde na Couromoda, em São Paulo. A unidade recebeu investimento de US$ 800 mil. Venderá calçados produzidos na fábrica que fica em Dois Irmãos, no Vale do Sinos. A Jorge Bischoff também tem sede em Igrejinha.
A loja de Miami faz parte de um plano maior de conquistar o mercado norte-americano. A ideia começou a ser trabalhada há um ano, exatamente aqui na Couromoda. O próximo passo será ter um centro de distribuição também em Miami. Irá abastecer a venda dos calçados da marca pela internet. E Jorge Bischoff, CEO do Bischoff Group, adiantou a próxima parada: outra loja e será na Califórnia.
Expectativa de retomada
O setor calçadista projeta retomada para o segundo semestre de 2017. A expectativa é tanto dos lojistas quanto da indústria. No ano passado, houve queda nas vendas no mercado doméstico.
Estudo encomendado pela Associação Brasileira de Lojistas de Calçados (Ablac) mostra que o número de clientes caiu pela metade nos últimos dois anos. Apontou ainda aumento da procura por calçados mais baratos e redução da frequência de compra. Afetou, principalmente, o segmento feminino.
– Mas estamos vendo uma melhora no consumidor. Só que o governo não pode atrapalhar – afirmou o presidente da Ablac, Imad Esper, referindo-se aos escândalos de corrupção que abalam a confiança do brasileiro na economia.
O varejo espera redução intensa do juro básico, o que deve ajudar a diminuir o endividamento das empresas e estimular o consumo. Mas teve quem driblou a crise investindo em um crediário mais flexível. É o caso da Dullius, que tem 21 lojas de calçados e roupas no Rio Grande do Sul.
– Mesmo com um custo maior, tive que facilitar a compra pelo cliente. Então, passamos a fazer parcelamento em dez vezes e 100 dias para dar entrada – explica o presidente da rede de lojas, Claudir Dullius.
Já a indústria teve seu alívio na exportação, enquanto o mercado interno amargava prejuízo. O Rio Grande do Sul liderou as exportações brasileiras, com crescimento de 17% no faturamento. Um exemplo foi a Kildare, que mantém a mesma linha para 2017.
O preço ditou venda em 2016 no Brasil. Com o perfil do nosso produto (calçados masculinos), acabamos investindo no Exterior. Dobramos a participação da venda externa no faturamento e queremos crescer mais em 2017, enquanto o consumo interno não reage diz o diretor comercial da Kildare, Fernando Alano.
Os exportadores estão de olho na política dos Estados Unidos. Qual será a postura do presidente eleito Donald Trump para as parcerias de comércio exterior? E a política de juros do Federal Reserve, que impacta o dólar? A cotação da moeda é essencial para quem vende para fora do Brasil.
– Queria dormir hoje e acordar em abril – brincou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Heitor Klein.
Giane Guerra viajou para São Paulo a convite da Couromoda.