Inalterada desde 16 de dezembro de 2008, a taxa de juro básica dos Estados Unidos voltou a subir nesta quarta-feira. A tão aguardada elevação, primeira desde 2006, foi confirmada nesta tarde após reunião de dois dias do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). O juro do país subiu da faixa entre zero e 0,25% - menor patamar da história - para a banda de 0,25% a 0,5%.
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A alta era esperada desde meados de 2014, mas foi sendo postergada na medida em que a economia americana não dava sinais de que estava suficientemente fortalecida para receber o aperto monetário. Ao longo de 2015, a presidente do banco central, Janet Yellen, deixou claro que a elevação só ocorreria se houvesse sinais de recuperação do mercado de trabalho e aumento da inflação.
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Com o primeiro passo dado nesta quarta, o que se deve observar é uma escalada gradual do juro. Analistas de mercado projetam que a taxa deve encerrar 2016 na faixa de 1,5%.
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A mudança representa um importante marco na política monetária dos Estados Unidos e na economia global, especialmente para os países emergentes. O Fed havia usado a redução do juro como ferramenta para mitigar os efeitos da crise financeira de 2008, reduzindo o custo do crédito para os bancos e, consequentemente, para os consumidores americanos. Com acesso a capital mais barato, investidores passaram a aplicar recursos em países como o Brasil, que, embora mais arriscados, ofereciam ganhos maiores.
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Na medida em que o banco volta a subir o juro básico, a rentabilidade dos títulos da dívida americana - considerados um dos mais seguros do mundo - sobe. Com a desaceleração do crescimento em países emergente e, no caso do Brasil, a recessão, a tendência é de que esses recursos sejam redirecionados para os EUA.
A saída de capital estrangeiro da economia brasileira deve intensificar ainda mais a desvalorização do real em relação ao dólar. Isso se soma à pressão já exercida sobre o câmbio com a perda da segunda nota em grau de investimento, confirmada, também nesta quarta-feira, pela Fitch.