A colunista de ZH está em Atenas onde acompanha o plebiscito deste domingo e os desdobramentos da crise grega
Há exatos quatro anos e um mês, escrevi um texto com esse mesmo título em Zero Hora. É para dar uma ideia da duração da crise na Grécia. Fosse uma tragédia, teria passado do milionésimo ato. Para os gregos, isso é péssimo. Nesse intervalo, eles perderam quase um quarto da riqueza do país, medida pelo Produto Interno Bruto (PIB). Parte pela irresponsabilidade de sucessivos governos que gastaram mais do que podiam - alguns chegaram a maquiar as contas para escapar dos controles fiscais da zona do euro -, parte como resultado da aplicação de medidas de austeridade exigidas por um conjunto de três instituições internacionais: Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional.
Gregos definem rumo que darão a seu futuro
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Para o resto do mundo, dizem os analistas, o fato de a crise ter se estendido tanto teria dado tempo de se preparar melhor para um cenário de saída da Grécia da zona do euro - o termo até ganhou um nome, tal a expectativa criada: Grexit. Os credores com mais papéis da dívida do país teriam se acautelado e reduzido o peso da Grécia em suas carteiras, de forma que, se houver mais calote, poderiam sobreviver. Tudo isso está no condicional porque é uma tese, ainda a ser submetida ao teste de realidade.
Em boa parte, quando os gregos votarem nai (sim) ou oxi (não) neste domingo, estarão definindo o humor da economia global por um longo período. E todos seremos afetados pelo desfecho. A maior ou menor turbulência nos mercados que se seguirá ao plebiscito afeta a duração desse período desafiador para a economia brasileira. O Brasil é um mercado emergente e, por isso, muito dependente de capital externo, agora mais do que nunca. Ainda tem seus US$ 370 bilhões de reservas para amortecer impactos. Mas temos de torcer para que os gregos encontrem o melhor caminho.