No último domingo, os gregos disseram "OXI" à proposta de instituições europeias para adotar medidas de contenção de gastos em troca de mais ajuda financeira. O "não" pichado Atenas afora foi o vencedor nas urnas, estampando a capa de jornais do mundo inteiro.
OXI é, na verdade, a representação em letras maiúsculas da palavra grega "όχι", segundo o professor Elias Paraizo Jr, doutor em Estudos da Tradução para Grego, Latim, Hebraico e Copta. Ao relatar os protestos gregos, a mídia adaptou o alfabeto helênico por aproximação visual - ou seja, escreveu o que leu. No alfabeto latino seria mais correto grafar o advérbio de negação outro jeito: "oykhi".
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E havia um detalhe interessante na cédula do plebiscito de domingo. A votação não era uma simples contraposição entre sim e não: o OXI, é uma negativa enfática. Na votação, a população disse "não mesmo", segundo Paraizo. Ele salienta que a língua grega é cheia de detalhes conceituais, e, neste caso, o próprio advérbio de negação faz a ênfase.
André Malta Campos, professor de Língua e Literatura Grega na Universidade de São Paulo (USP), destaca, entretanto, que a palavra tinha função expressiva no grego antigo. Com o passar dos séculos, grafia e fonética sofreram pequenas mudanças - hoje no alfabeto latino se grafa "ókhi", segundo Campos -, e a ênfase foi esquecida no grego moderno.
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* Zero Hora