O dólar atingiu o maior patamar em quase 11 anos na manhã desta quarta-feira: R$ 3, uma alta de 2,46%. A cotação não chegava a esse valor desde o dia 18 de agosto de 2004, quando bateu a marca de R$ 3,010.
No acumulado do ano, o dólar subiu 12% e, em 12 meses mais de 24%. Há um mês, a moeda custava R$ 2,75. Nesta manhã, a Bolsa ainda registrou queda de 1,44%.
A forte alta da moeda sucede a devolução do Congresso de medida provisória (MP) proposta pelo governo que prevê a redução da desoneração da folha de pagamentos a partir de junho. Nos bastidores, a decisão foi encarada como uma retaliação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao Planalto em função do vazamento de que seu nome estaria na lista de políticos investigados pela Lava-Jato.
Na noite passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, protocolou no Supremo Tribunal Federal (STF) 28 pedidos de abertura de inquérito envolvendo 54 pessoas citadas na operação que apura desvios na Petrobras e sete de arquivamento. Os nomes de Renan e do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), estariam na lista, e ambos já teriam sido avisados na semana passada, segundo fontes ligadas à bancada do PMDB no Congresso.
A decisão de Renan expôs a dificuldade da presidente Dilma Rousseff (PT) em obter apoio para as medidas no Congresso. A barreira imposta a uma das principais medidas de ajuste fiscal propostas pela presidente repercute no mercado financeiro nesta quarta-feira, já que a proposta é considerada pela equipe econômica essencial para equilibrar as finanças e retomar o crescimento do país.
Nesta quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que a produção industrial subiu 2% no país em janeiro na comparação com dezembro de 2014 - resultado dentro da expectativa de analistas. Porém, na comparação com janeiro do ano passado, a produção industrial brasileira caiu 5,2%.