Diante da perspectiva de a Petrobras ficar um mês - ou mais - com uma diretoria demissionária, a melhor solução foi a apresentada na quarta por Graça Foster e cinco diretores, entre os quais o gaúcho José Carlos Cosenza, que herdou a espinhosa cadeira de Paulo Roberto Costa: a renúncia coletiva.
A situação criada com o cenário de terça-feira - sai, mas ainda não - foi comparada à "demissão" de Guido Mantega do ministério. Diferentemente da Fazenda, que não tem ações no mercado nem investidores e credores a quem dar satisfações, a estatal corria o risco de afundar num pântano de indefinições que só aprofundaria a crise aberta com a Operação Lava-Jato.
Petrobras revela nomes de diretores que renunciaram aos cargos
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Agora, encolhe o tempo para encontrar o substituto ideal - assim como cinco diretores -, mas uma troca rápida estanca o sangramento na imagem já descorada da companhia. De especialistas no setor a analistas financeiros, a sensação foi de alívio.
Ex-diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), David Zylbersztajn ponderou à coluna que não adianta mudar as pessoas, é preciso mudar a orientação do governo em relação à estatal:
- A Petrobras tem de ser tratada como uma empresa, que dê lucro para o acionista. Como o maior sócio é o governo, pode encher os cofres do Tesouro e, assim, poupar a população de mais impostos.
A Fitch Ratings, agência que acabou de rebaixar a nota de risco de crédito da estatal, observou que "a mudança tem potencial de auxiliar no processo de recuperação de credibilidade em relação a suas práticas contábeis", desde que os novos gestores não tenham "vínculo anterior com a companhia e com o governo".
Observadores do processo de decisão sobre o futuro da Petrobras apontam o nome do atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, como um dos que mais reúne condições. Não tem restrições de Dilma, nem de alguns dos mais ácidos críticos da presidente. E não mandou recados de que não está interessado no posto, como fez Henrique Meirelles. Murilo, assim como o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem ligação com o Bradesco, um dos principais acionistas da Vale e origem de sua indicação ao cargo atual.