Nos últimos sete meses, os servidores dos Correios promoveram duas greves nacionais, afetando um serviço considerado essencial como a entrega de correspondência. Qual seria a receita sindical dos carteiros, que completam 40 dias de paralisação na próxima segunda-feira, em 15 Estados?
A mobilização dos funcionários e a capacidade de aglutinar diferentes correntes políticas nos sindicatos podem explicar a quase permanente situação de greve. O comando maior, a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios, Telégrafos e Similares (Fentect), é integrado por entidades como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Intersindical e a Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB).
- Houve uma composição política na direção - informa o secretário jurídico da Fentect, Evandro Leonir.
Além das centrais sindicais, há diretores do Partido da Causa Operária (PCO), Movimento Revolucionário Socialista (MRS), Movimento dos Trabalhadores do Correios (MTC), Movimento de Resistência e Luta (MRL) e outros. Criado há duas décadas, o MRL só existe nos Correios.
A convivência não é pacífica, como indicam as trocas de acusações, feitas nos sites das agremiações. O PCO, por exemplo, já chamou parte do MRL de "diretoria pelega". Também pela internet, o MRS acusou a Fentect de "governista e cutista", além de "inimiga dos trabalhadores" e aliada da presidente Dilma Rousseff.
Apesar das divergências ideológicas, os grupos mantêm a mais longa greve na história dos Correios no Rio Grande do Sul. E não é por reajuste salarial ou contra demissões, mas para garantir o plano de saúde e assistência - uma motivação insólita na trajetória sindical do país.
- A greve se mantém estável. Teve adesões e algumas baixas, mas segue firme - avalia Leonir.