O temor de desemprego entre prestadores de serviço mobilizou novo protesto na segunda-feira em Porto Alegre. O alvo foi a decisão da Justiça Federal de impedir que as empresas Somar, Aro e Smarja extraiam areia do Rio Jacuí, por suspeita de danos ambientais.
Caminhoneiros, marinheiros e empregados de depósitos reclamam que a redução nos negócios já provoca demissões. A suspensão das licenças das três maiores empresas de mineração que atuavam no Rio Jacuí, determinada em 15 de maio, diminuiu drasticamente a chegada de areia aos depósitos no porto da Capital, afirma Valdez Francisco de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Marítimos e Fluviais do Rio Grande do Sul (Sinflumar).
- São 1,5 mil empregados nessas atividades em Porto Alegre, e muitos começaram a ser demitidos - assegurou.
Segundo o dirigente, mais da metade dos funcionários de depósitos e operadores das dragas já foi demitida, e as dispensas começam a prejudicar também os caminhoneiros.
Ontem, prestadores de serviços se manifestaram em dois momentos pela manhã: em uma carreata de caminhões no centro de Porto Alegre e ao bloquear a ponte do Guaíba por cerca de uma hora. A principal reivindicação é de que o Ministério Público Federal (MPF) retome as negociações com o governo do Estado para permitir a extração enquanto um novo estudo ambiental é feito pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), procedimento que pode demorar pelo menos dois anos.
Representantes dos trabalhadores foram recebidos no MPF. Ouviram que a proibição decorre de uma decisão judicial e que os procuradores atuam como fiscais da lei no interesse da população. O Sinflumar, então, tentará uma audiência na Justiça Federal.
A Fepam voltou a constatar extração irregular de areia. Nesta segunda-feira, interditou uma mineradora em Viamão por descumprimento da licença ambiental. A empresa, cujo nome não foi revelado, operava em Águas Claras.
Do rio para as ruas
Irregularidades na retirada do insumo determinaram proibição
- No dia 15 de maio, a Justiça Federal proibiu Somar, Aro e Smarja de extraírem areia do Rio Jacuí, por suspeita de danos ambientais e falhas na fiscalização da Fepam.
- As empresas eram responsáveis por 95% da areia vendida na Região Metropolitana.
- Em junho, o governo do Estado propôs ao Ministério Público Federal (MPF) um acordo para que a extração prosseguisse até um novo estudo de impacto ambiental.
- No dia 1º de julho, o MPF comunicou que não aceitaria os termos do acordo e manteve a proibição.
- Nesta segunda-feira, centenas de trabalhadores do setor protestaram contra a decisão do MPF e foram recebidos pelo órgão.