Sempre com base em diagnósticos apurados, ele acompanha e projeta o dia a dia da economia brasileira e o cenário internacional com lupa. Estima o futuro de juro, inflação, dólar e reservas internacionais. Mas se tem algo sobre o que o porto-alegrense Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, não se arrisca a dar palpite é a possibilidade de o time do coração conseguir a difícil vaga para a próxima Libertadores. Habituado a acompanhar o time com o filho no Beira-Rio, agora faz isso cada vez menos:
- Não gosto de gastar meus prognósticos aqui.
Se evitou brincadeiras sobre o Colorado, o economista, 48 anos, pai de um casal de filhos, não deixou pergunta sem resposta na entrevista exclusiva de pouco mais de uma hora a ZH, na metade da semana passada, em um gabinete no sexto andar do BC, na Capital, com bela vista para o Guaíba.
No seu panorama, estão ainda juro menor que veio para ficar à inflação em cenário "descendente" e o esperado crescimento da economia, já perceptível neste semestre, mas solidificado em 2013, quando concorda com o mercado sobre a possibilidade de o PIB atingir 4%.
Tenista amador, mas "suspeito para julgar o desempenho" nas quadras, avalia que o mundo não está mais à beira do abismo como parecia há seis meses, embora pense que a crise internacional ainda vá perdurar por mais dois anos. Melhor levar a avaliação a sério: em agosto do ano passado, Tombini desafiou as apostas do mercado bancando uma redução surpreendente do juro. Enfrentou calado críticas de perda de independência do BC, de submissão à política econômica do governo. Um ano depois, é saudado como um acurado profeta da deterioração do quadro internacional.
Considera "extremada" a preocupação com a dependência da China, da mesma forma como salienta o cenário positivo do Brasil frente ao investidor estrangeiro. Sem pressa, sem demonstrar emoções e ainda sem alterar a voz em único momento diante de questões melindrosas, como superendividamento e cruzada contra altas taxas de juro, só se permitiu um rápido sorriso quando pediu, brincando, que sua fotografia devia sair "bem" porque sua mãe, Corinha, leitora de ZH e moradora da Capital, "com certeza, vai ver".
Gostou, dona Corinha?
Vídeo: confira parte da entrevista com o presidente do BC, Alexandre Tombini
Entrevista
"Não estamos à beira de um abismo", diz presidente do Banco Central
Alexandre Tombini diz que é "factível" crescimento de 4% da economia em 2013
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