Há mais morangos brotando nas estufas da Serra, Vale do Caí e até da região sul do Estado. Com a adoção de novas variedades e de técnicas de produção mais propícias ao cultivo – a partir da disseminação do sistema por substrato nos últimos cinco anos e que hoje domina 80% das lavouras –, o clima reduziu seu impacto sobre os frutos.
Enquanto a área cultivada se manteve praticamente estável no Rio Grande do Sul – passando de 490 mil hectares em 2014 para 500 hectares em 2017 –, a produção cresceu mais de 35%, de 17 mil toneladas para 23 mil toneladas no mesmo período. O resultado elevou a produtividade média por hectare em 32,5%, saindo do patamar de 34,7 toneladas para 46 toneladas na mesma base de comparação, segundo estimativa de cultivo de frutíferas da Emater/RS, realizada a cada três anos (quadro abaixo).
Entre os produtores que colhem acima da média estão os irmãos Evandro e Cláudio Andreazza, da Granja Andreazza, de Caxias do Sul, município com a maior produção do Estado. A propriedade chega a produzir 90 toneladas por hectare. Para chegar a este bom resultado, é necessária uma série de cuidados:
– Boas mudas, manejo, estrutura, espaço arejado e adubação correta – conta Evandro, que emprega cerca de 40 famílias na empresa.
Mas o rendimento por planta é relativo, ressalta Evandro, já que há disparidade entre os morangueiros dentro de uma mesma estufa. A produtividade média é de 800 gramas por muda, o que rende entre 70 a 80 toneladas por hectare, com picos de 90 toneladas ao ano por hectare. Uma das vantagens da hidroponia é a possibilidade de colheita ao longo do ano, com plantio escalonado. Somente nos meses de junho e julho há uma quebra, quando é realizado o manejo e o preparo de substrato.
Porém, o inverno menos rigoroso deste ano fez os morangueiros brotarem e amadurecerem antes da época. A colheita normalmente tem pico entre novembro e janeiro. Na Andreazza, são um milhão de plantas em 10 hectares, com colheita diária média de 5 mil caixas (um quilo cada caixa) de morango.
Em razão do clima, a safra antecipou.
– As temperaturas mais elevadas no inverno favoreceram o aparecimento de doenças e pragas e o produtor deve ficar atento – alerta Antônio Conte, assistente técnico estadual da Emater/RS.
Selo atesta segurança alimentar
Neste ano, o Sistema de Produção Integrada ganhou a adesão de produtores de morango. Um dos exemplos é a Granja Andreazza, de Caxias do Sul, que desde março utiliza o selo Brasil Certificado nas caixas de frutas, emitida pela Certifica, de Porto Alegre. Este é o terceiro conquistado na propriedade, que também foi auditada pela PariPassu, de Santa Catarina, e que abriu o mercado daquele Estado para a Granja, e pela WQS, que atua em convênio com redes de supermercados, como o Walmart.
– Queremos deixar claro ao consumidor que atendemos às exigências dos outros órgãos reguladores. O produto tem registro, respeita prazos e é um alimento seguro – explica Evandro Andreazza.
Para ficarem aptos às certificações, os irmãos Andreazza adotaram manejo de estufas, implementaram processos na lavoura, na embalagem e no transporte.
– Foi um trabalho de treinamento de mão de obra para anotar os tratos rurais, adotar normas de higiene, dar condições aos trabalhadores, realizar a rastreabilidade e manter estufa no cultivo e frigorífico no transporte.
Antônio Conte, assistente técnico estadual da Emater/RS, ressalta que a adoção das boas práticas exige trabalhadores mais qualificados e em maior número.
– Requer mais mão de obra. Quem tem 100 mil mudas em um hectare não aplica o mesmo produto em toda a área. E precisa anotar tudo o que é utilizado, a quantidade, quando etc. Exige organização da propriedade. Tem que levar em conta a remuneração, já que atualmente o mercado considera apenas o fruto convencional e o orgânico.
Principais municípios produtores
Caxias do Sul
Ipê
Feliz
Vacaria
Flores da Cunha
Farroupilha
Bom Princípio
Pelotas
Antônio Prado
Nova Petrópolis
Curiosidades
- 90% das mudas vêm da Argentina e do Chile, em razão do clima mais definido e da possibilidade de utilização de produtos químicos na produção e que são proibidos no Brasil.
- A produtividade média é 46 toneladas por hectare, mas alguns chegam próximos a cem toneladas por hectare, mais do que o dobro.