Um vento gelado vindo da Rússia soprou sobre as exportações brasileiras no primeiro mês do ano. É de lá que vem parte da explicação para a queda na receita das vendas externas de carne em janeiro, como mostram dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento.
As vendas de carne bovina tiveram redução de 25,5% em comparação com igual mês do ano passado - os embarques somaram US$ 326 milhões.
As de carne suína caíram 16,5% e as de frango, 8,6%, apesar do câmbio mais favorável.
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Olhando especificamente para o mercado russo, a redução é ainda maior: 67% para a carne bovina, 12% para a suína e 14% para a de frango.
- Essa queda em janeiro não é uma tendência para o ano. Com o tremendo frio na Rússia, normalmente há uma diminuição do volume de embarques no final do ano - avalia Alcides Torres, analista da Scot Consultoria.
Depois de dois recordes sucessivos nas exportações de carne bovina, 2015 poderá ser um ano de redução de ritmo. Nada capaz de atrapalhar, no entanto, o bom desempenho do setor. Projeção da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil mostra que os preços do boi gordo e dos terneiros devem continuar firmes.
Sobre a razão para a performance das exportações em janeiro, o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado, Rogério Kerber, compartilha a opinião de Torres. A dificuldade de acessar portos russos, que ficam congelados, provoca descontinuidade nas vendas entre novembro e fevereiro. Além disso, de novembro para cá, houve renegociação de preços da carne suína brasileira, que ganhou espaço após as retaliações impostas pelos russos à União Europeia e aos Estados Unidos.
- A expectativa é de que até a primeira quinzena sejam anunciadas as cotas para 2015. A partir daí, deve-se retomar a normalidade dos negócios - entende Kerber.
O secretário de Comércio Exterior, Daniel Godinho, disse que não faria projeções para o ano com base nos resultados de janeiro. Ainda bem que o frio russo não dura ano inteiro.