Ciência, impacto social, diversidade, moda, igualdade de gênero, inclusão, maternidade. Os temas são muitos, mas as histórias das oito mulheres se repetem: todas foram além do desejo de viver em um mundo melhor e decidiram que cabia a elas mesmas tomar uma atitude. E o que cada uma fez mudou a realidade à sua volta (ou pelo país afora).
Na quarta edição do Prêmio Donna Mulheres que Inspiram, temos a alegria de divulgar as oito finalistas deste ano, selecionadas entre centenas de indicações de profissionais e especialistas de diferentes áreas de atuação, de leitores e também de jornalistas e colaboradores do Grupo RBS.
Leia e inspire-se no exemplo de Liliane R. L. de Oliveira Moraes, uma das finalistas desta edição. As vencedoras serão anunciadas na última edição da revista deste mês.
Liliane R. L. de Oliveira Moraes
Foi na adolescência que Liliane R. L. de Oliveira Moraes se deu conta de que a sociedade a julgava pela cor de sua pele. Filha de uma empregada doméstica e de um funcionário do DMLU, ela lembra de um apelido que a acompanhou na escola: "macaca". Cresceu negando seu cabelo black, forçando o fio a ficar liso com o "pente quente", uma espécie de chapinha caseira. Também sonhou em ser Paquita, mas reparou a falta de meninas negras ocupando aquele lugar na TV. Quando o racismo bateu à porta de Maraia, sua sobrinha de 11 anos, Liliane confeccionou uma boneca de pano para mostrar que a menina não deveria se envergonhar do seu tom de pele. A triste situação, encarada por professores e pais como brincadeira, foi a seguinte: em sala de aula, as colegas da garota a elegeram como “a mais preta da turma”.
– A minha consciência sobre representatividade veio muito tarde, não se falava de racismo na minha casa.
A boneca fez cair a ficha da importância da representatividade, especialmente no mundo infantil. E daí começou um pedido aqui, outro ali. Superman negro, Goku negro... É uma forma de promover a igualdade e combater o racismo. São novas memórias que criamos nas crianças – conta Liliane, 40 anos, que comanda a Maraia’s – Bonecas de Pano desde 2015.
Os pedidos se multiplicaram, a empresária se tornou palestrante – sua participação no TEDxLaçador fez sucesso nas redes sociais no ano passado – e, hoje, ela ministra oficinas de confecção de bonecas negras abertas ao público.
– O "não" sempre esteve muito atrelado à história dos negros e, hoje, sou reconhecida justamente por levantar a bandeira de que podemos estar onde quisermos. É uma vitória.