Ainda existe tabu na hora de falar sobre o corpo feminino. A busca pela perfeição, o constrangimento quando o assunto é sexo, entre outras questões, nos deixaram silenciadas.
Para a mulher negra, é ainda mais difícil. A sexualização e ridicularização da imagem fizeram com que a gente acreditasse que éramos isso mesmo que falavam sobre nós.
No entanto, existem iniciativas que têm intenção de transformar esse histórico. Uma delas é o (AFRO)rescer. Seis mulheres negras gaúchas, de áreas profissionais distintas, se uniram e montaram o projeto em julho deste ano.
Elas são: Bárbara Fontoura, graduanda de arquitetura; Elisa Máris, enfermeira; Gabriela Lima, graduanda de farmácia; Monique Machado, graduanda de psicologia; Patricia Gomes, graduanda em relações públicas e Thayná Mendes, graduanda de publicidade e propaganda.
O foco é a valorização da afrodescendência. Em seu perfil no Instagram (@projetoafrorescer) o AFROrescer expõe textos de autoria dessas mulheres, cada uma com suas particularidades, com ênfase justamente na diversidade da mulher negra. Não tem como enquadrar todas na mesma "caixinha", sabemos disso, e o projeto engloba essa particularidade.
Segundo as componentes do projeto, falar sobre o universo feminino envolve uma costura de conhecimentos que devem ser divididos umas com as outras, para que possam viver nossas escolhas de forma prazerosa e transparente.
O projeto quer reconstruir a imagem da mulher negra, compartilhando experiências nas redes sociais, transmitir informações importantes e criar um laço entre as mulheres.
Um dos principais e mais lindos propósitos do AFROrescer é apontar a importância do protagonismo, mostrando todo o potencial da mulher negra, abrindo o diálogo sobre empoderamento do corpo, raízes primitivas e relações afetivas. Eis a importância da desconstrução da nossa beleza única, da autoestima, do amor pela imagem, mesmo vivendo tantos anos desacreditadas disso.
A intenção AFROrescer é fazer com que toda pessoa se ame do jeito que for, seja ela magra, alta, gorda
ou de quaisquer formas. E desfazer a questão de que somos obrigadas a aprender a lidar com certas situações, pelas apresentações dos editoriais, publicidade e sociedade em si, que focam em um padrão estabelecido de beleza física.
O AFROrescer quer criar conteúdos próprios para tudo isso focados na representatividade, como um banco de imagens e reprodução de fotos e vídeos, nas quais estejam a valorização da raça e traços.
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Duda Buchmann é blogueira que gosta de falar do mundo feminino, principalmente da mulher negra, e de inspirações que elevem a autoestima delas. Escreve semanalmente em revistadonna.com.