O moderno, agora, é ser antigo. Há uma onda retrô no ar, cada vez mais forte. Fui escolher um porta-retratos para dar de presente e a atendente me mostrou três modelos, todos com rococós e floreios e em diferentes tons de dourado. Eu nem sabia que tinham voltado à moda. Depois, acompanhei uma amiga que procurava móveis novos para a sala, e ela se apaixonou por duas poltronas com pés palitos, muito parecidas com as que os meus pais tinham quando casaram, há mais de 50 anos. Em algum site, não lembro qual, vi uma geladeira igual àquelas bem antigas, que tinham um puxador e eram arredondadas na parte de cima, vendidas agora por pequenas fortunas.
Seguidamente, olhando fotos antigas da minha mãe, em seus tempos de mocinha, penso que se ela tivesse guardado aquelas roupas e principalmente os acessórios_ como os óculos estilo gatinha _ hoje sua neta poderia estar desfilando por aí toda “modernosa”. Mas esta valorização da “volta ao passado” é bem mais abrangente. As pessoas, e especialmente as mulheres mais jovens, estão descobrindo que nem tudo o que suas mães e avós faziam está ultrapassado, e que um pouco de nostalgia é muito gostoso.
Recebi um convite para um chá na casa de uma amiga bem jovem. Surpresa, encontrei uma mesa muito bem arrumada, com toalha de renda, xícaras e bules de porcelana e talheres de prata. “Tudo isso herdei da minha avó”, ela contou, orgulhosa. Um detalhe: para combinar com o clima antigo, ela fez questão de cozinhar em casa tudo o que serviria, seguindo receitas que estão na família há várias gerações. O cheiro do bolo de milho e das rosquinhas de polvilho me remeteu aos bons tempos de menina. O cheirinho bom do café recém-passado, do chá de maçã com canela... Humm... Que delícia de tarde!
A proposta era essa: cada uma deveria levar alguma coisa que tivesse em casa e que fosse antiga, tipo “relíquia de família”. Passamos a tarde nos divertindo vendo fotos antigas, peças de crochê, tricô e bordado, joias de família, revivendo músicas de LPs, romances épicos dos livros e filmes que entraram para a história do cinema. Foi um dia encantador, uma pausa nestes tempos tão atarefados em que só pensamos no hoje e no futuro. É bom de vez em quando parar para respirar, olhar para trás, reviver o que foi bom e buscar inspiração para prosseguir.