O interior da mala armário restaurada (Foto: Arquivo Pessoal)
É preciso reduzir guardados e coisas inúteis para reorganizar os armários e viver melhor. Este era o lema que eu seguia ao descobrir um pacotinho de algo cuidadosamente enrolado em algodão revestido de pelúcia. Desenrolei e lá estava uma bonequinha antiga, o corpo estragado, braços e pernas frouxas e restos de peruca colados na cabeça. Ela tinha franja, era loura, a carinha de porcelana ainda perfeita.
Diante da melancolia que me envolveu, lembrei o impacto daquele presente, recebido no dia do meu aniversário de seis anos, quando acordei com uma malinha vermelha ao lado da cama. “Abre, abre logo”, disse minha mãe. Era a réplica de uma mala-armário de Louis Vuitton para viagens de trem e de navio, refletindo um estilo de viajar até a era do avião. Só que a minha era vermelha, as roupinhas penduradas em minicabides. A boneca alemã poderia ser restaurada.
No Diário Gaúcho, eu havia lido uma reportagem sobre Luiz Oscar Berthold, restaurador de bonecas antigas (fone 51 3062-6455), após um curso em Paris. Ele embrenhou-se em seu trabalho por quase dois meses. Ficou perfeito. Mas e a peruca? Recorri à cabeleireira Eliane Donadel (fone 51 9988-8848), que fez uma peruquinha de cabelo natural. E a mala? Fui à Cartonaria (fone 51 3026-8861), e Angela Rosa de Souza desenvolveu a malinha-armário vermelha – modelo único –, com gaveta interna para sapatinhos e buquê do vestido de aia de casamento. Os cabides? Foram feitos pelo escultor que expõe peças em arame no Brique da Redenção.
Durante aqueles dois meses fiz o enxoval de “viagem”. Foi uma ótima terapia, pois eu parecia reviver uma das boas lembranças da infância. Estabeleceu-se desde o início, a intimidade com a “alemãzinha” e pensei que ela na mala-armário seria da minha amiguinha Antonia.
Desliguei-me da boneca que deixou de ser um guardado inútil para renascer no brinquedo de mais uma menina.
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A moda atual sugere barras para minissaia. Mônica Lapa tem se dedicado a criar e produzir saias de cintura em lingerie com a barra (12cm) de renda recortada, pétalas de cetim cortadas a laser e rolete de cetim formando rosas. Elas estarão expostas no Bazar da Coragem, que será realizado na próxima quarta e quinta-feira, 1º e 2 de julho, na Sociedade Libanesa, em Porto Alegre, das 11h às 19h, com parte do valor das vendas revertido para o Instituto do Câncer Infantil.
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Ao falar em chapéu, não se pode esquecer que os homens também tinham estilo, no tempo em que seu uso era obrigatório. Tirar o chapéu – ou fazer só a menção de – era uma forma de cumprimento. Do chapéu urbano de Tyrone Power, quando fez conexão no aeroporto de Porto Alegre em 1938, até a cartola nos rígidos cerimoniais políticos, dos casamentos e dos páreos turfísticos.