Tapar o sol com a peneira é um ditado antigo, que simboliza não "ver" a realidade por não se aceitar as diferenças, quando o remédio é justamente dialogar para resolver as incompreensões, principalmente, entre os membros de uma família. Essa não aceitação é resultado de preconceitos. Numa família há diferentes tribos e não basta o afeto para que se aceitem.
O ator Antonio Fagundes trouxe, no final de semana anterior, a peça Tribos (foto acima), de autoria da dramaturga inglesa Nina Raine, dirigida por Ulisses Cruz. É um excelente espetáculo, bem montado, com linda iluminação e seis atores, que mudam de cadeira na medida em que assumem novas funções desenvolvidas naquela família. O tema central é a surdez de nascença do filho mais moço, Billy (Bruno Fagundes). Quem o ensina a falar e ler a linguagem labial é a mãe. Mas ninguém na família se esforça para aprender a dialogar através da linguagem dos sinais. O pai (Antonio Fagundes), em compensação, esforça-se para aprender chinês...
Silvia, a moça filha de pais surdos, que está também ensurdecendo, ensina "libras" (linguagem dos sinais em língua brasileira) para Billy. Enquanto isso, a mãe reclama pelo filho não trazer para casa pessoas normais, que não fiquem falando no assunto. O esforço de comunicação é sempre do rapaz, ainda que o pai o ame muito. É como se não existissem problemas na família. Ele bloqueia também a doença do filho mais velho, um esquizofrênico com quem briga como se o rapaz fosse responsável por seu conturbado comportamento.
Após o espetáculo, o elenco volta ao palco para dialogar com o público e Antonio Fagundes explica a escolha do nome Tribos dado à peça. Não é só a surdez que forma uma tribo. Na verdade, em Tribos, pode-se colocar todo tipo de diferenças (homossexualismo, raça, etc) e uma mesma tribo pode se subdividir em outras, de acordo com seu grau.
Fagundes acerta quando define Tribos:
- Um espetáculo que nos faz pensar além dos cinco minutos gastos até o estacionamento do carro.
O CAFEZINHO
Em jantares com convidados, no tempo das residências mais espaçosas, servia-se o cafezinho e os licores fora da mesa de refeições, com as pessoas sentadas na sala. Segue a tendência. Como, em geral, a mesa está na sala, o que se faz é convidar para sentar nas poltronas e cadeiras confortáveis. Se alguém ainda fuma, procura uma janela aberta para saciar o vício. A colherzinha está sempre no pires da xícara. A ilustração é uma charge confirmando a necessidade de mexer o café, do livro Le Savoir Vivre efficace et Moderne, da Nil Éditions, Paris.
ETIQUETA NA PRÁTICA
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SAIR SEM SE DESPEDIR
“Quando vou jantar com um grupo na casa de amigos ou participo de uma grande festa não sei se me despeço dos anfitriões." RICARDO
Se você já sabe, ao chegar, que deverá sair mais cedo, quando cumprimenta os anfitriões já avisa. Se a reunião está animada, procure não chamar atenção que vai sair. Despedir-se de todos acaba com a festa. Mas fale sempre com a dona da casa, agradeça o convite e se despeça, deixando um abraço para seu companheiro. Nas grandes festas não é necessário se despedir.
A FUNÇÃO DO PIRES
"Vê-se com frequência nas telenovelas e nos filmes americanos os atores pegando a xícara com as duas mãos, envolvendo-a inteiramente." BRIGIDA
A asa da xícara tem sua função: proteger a mão do calor da bebida. Isso nos faz pensar que aqueles que "abraçam" a xícara ao tomar seu café é porque dentro dela a bebida está morna ou fria.