Todo dezembro é a mesma coisa: pensamos nas metas que traçamos para o ano que está acabando e, quase sempre, nos damos conta de que fizemos muito pouco daquilo tudo que estava na nossa listinha. Ai, meu Deus, não fiz isso... Aquilo ali também não... Isso eu até comecei, mas não fui até o final... Aquilo lá ficou para 2015...
Este ano decidi fazer o contrário, o que com certeza vai me deixar menos frustrada. Vou começar fazendo um balanço mental do que fiz, e só depois pensar nas falhas e omissões e rever planos. Aliás, será que precisamos mesmo viver em função de metas? Essa palavra até se aplica para o trabalho, mas não consigo pensar nela como uma coisa prazerosa para a vida. Prefiro uma palavra menos austera, mais simpática: objetivos. Sim, é importante que a gente saiba o que quer, e batalhar para conseguir. Isso se aplica a tudo: uma viagem, um bom emprego, um casamento harmonioso, uma família unida, uma saúde boa. Mas para ter graça precisamos deixar um espaço na vida também para o improviso, para o inesperado. Calcular cada passo a ser dado pode ser uma chatice sem tamanho.
O calendário de 2015 está bem na minha frente, e quase todas as páginas para escrever os compromissos ainda estão em branco. Isso me dá um friozinho bom na barriga. O que será que o ano novo me reserva? Tenho alguns planos, sim, inclusive uma viagem há muito sonhada e que já está saindo do papel, porque foi planejada. Mas sei, também, que o meu calendário não será preenchido só de coisas boas - e nessas horas a palavra resiliência fará todo o sentido.
Aparecerão imprevistos, bons e maus, com toda a certeza. Inclusive alguns para os quais nunca estamos preparados e cuja reação só sabemos na hora em que acontecem. Não adianta pensar em um "plano B" para tudo, porque não estamos no controle. E acredito que esse é realmente o grande barato da vida: a capacidade de nos surpreendermos com ela a cada momento.
Coloquei o ponto final neste texto ao mesmo tempo em que alguém na vizinhança aumentava o volume do som: "Deixa a vida me levar, vida leva eu, sou feliz e agradeço por tudo o que Deus me deu...". Coincidência.