Que cois’ bem boa reparar nos pequenos detalhes da vida. Buscar aquilo que não é óbvio; as simples surpresas do cotidiano. Me enche o coração ver um estranho sendo gentil com outro estranho, por exemplo. (Ai, como tô filosófica.) E, se tem coisa que me agrada mais ainda, é reproduzir essa visão não-óbvia na moda. Até porque não tenho a menor paciência para monotonia. Já até falei sobre isso por aqui - é uma dádiva poder encarnar um personagem por dia, utilizando as simples ferramentas do guarda-roupa. Mas alto lá: este assunto é muito denso para uma terça-feira pós-dia das mães. (Aqui entre nós, existe alguém no universo sideral que não esteja digerindo o almoço de domingo ainda?) Centrão, chuvarada, atrolho e confusão: De tempos em tempos, chega aquele dia em que você precisa ir até o centro da cidade para resolver alguma questão burocrática. Buscar um documento, ir no banco, no cartório. Sabe como é. Quando esse dia chegar, você sabe também que ele virá acompanhado de muita chuva. Centro sem chuva e sem atrolho, não é centro. Você já não está com a mínima vontade de ir até lá, precisa voltar para o trabalho correndo depois – é a legítima “função”. O look ideal para um momento desses? Camisa jeans ou suéter de tricô (ideias aqui!) + um bom par de calças jeans ou alfaiataria (cuidando para fugir dos tons claros – não queremos transparências involuntárias!). Nos pés, ankle boots sem salto ou com salto grosso, no máximo, para dar segurança. O ideal é fugir dos sapatos abertos para evitar o momento afundei-o-pé-na-poça-sem-querer-e-me-molhei-toda. Ir no dentista: Um traje todo preto, fúnebre, vai servir. Para quem gosta de sugestões trendy, um poncho tecnológico, conhecido como “capa da invisibilidade”, também. Eita compromisso horroroso. Usar o transporte público (às 15h30 de uma quarta-feira): Sinta-se livre! Você provavelmente vai conseguir circular livremente na aeronave dentro do ônibus e ainda escolher o lugar que quer sentar. Quem sabe não é um bom momento pra experimentar uma saia mídi? Ergonomicamente falando, o ideal seria um modelo godê, para você ter mais liberdade de movimento. Arremate o look com uma sapatilha, uma camiseta podrinha, uma jaqueta de couro e... bingo! Usar o transporte público (às 18h30 de uma segunda-feira): Ih, minha filha. Muita calma nessa hora: para este momento, considera-se que você vai ficar bastante tempo de pé a) na parada de ônibus e b) dentro do ônibus. Um truque que aprendi ao longo da vida é sempre carregar uma sapatilha dentro da bolsa - além de proporcionar conforto no trajeto para a casa, você pode fingir que é super cool, mora em Nova York e está indo pegar o metrô. Fora isso, eu até poderia te dar #dicas de looks para ser esmagada no busão com classe, mas vamos combinar? Já é um absurdo a gente ter que ser esmagada todos os dias no transporte público. Se você tiver que deixar de vestir o que gosta por causa dos outros, aí o mundo vai estar perdido. Vista-se como quiser. Comprar pão no supermercado (às 19h de terça-feira): Hora do rush na fila do super. Quem não está no happyhour da firma, está comprando pão. Está solteira, em busca de um amor, mas saindo direto do trabalho? Pelo menos dê uma penteada nos cabelos. Está solteira, em busca de um amor, mas estava em casa, de pijama? Vista-se como gente, pelo menos. Sem pantufa na hora do rush! Comprar pão no supermercado (às 21h de terça-feira): Nesse horário não tem ninguém. A pantufa está liberada. #FreePantufas Comprar pão no supermercado (às 23h de terça-feira): Nossa, que sorte você tem de morar perto de um super que fica aberto até às 23h. Por favor, me passe o endereço deste estabelecimento. Ah, e vá de pantufas.
Terça-feira é o Segundo Dia Mundial da Lamentação (ficando atrás somente da segunda-feira, obviamente) e, para combinar com o tema, nada melhor que um guia de moda prática para as situações inusitadas do dia-a-dia. Ou, em outras palavras, como se dar mal com classe.